Apesar dos avanços, ainda existe uma longa estrada para andar

Mais um Verão que se aproxima do seu final. Três meses de sol, calor, uns quantos festivais e as férias com os amigos de sempre ou o trabalho de Verão para se poder aguentar mais uns meses. Se é certo que é a altura em que muitos estudantes e trabalhadores – desfrutam do merecido descanso, é também no Verão que o grande capital organiza os meios ao seu dispor, e nomeadamente através dos governos e das instituições da União Europeia, aproveitam para, cobarde e traiçoeiramente, “anunciar o cartaz” da próxima edição de ataques aos direitos e a vida da juventude e do povo em geral. No passado foi assim, por exemplo, com aumentos de propinas, cortes no passe social ou início de processos fundacionais nas universidades. Se é certo que assim foi no passado, não é menos certo que graças ao PCP se obteve a solução política com o actual governo do PS e que estão criadas condições para se poderem dar avanços, ainda que em muitos casos muito limitados e insuficientes. Só a luta da juventude, dos trabalhadores e das populações será decisiva para determinar se ataques como aqueles, que continuam na calha, se concretizam ou, se pela nossa força e capacidade de organização e de luta, poderemos defender os nossos direitos e interesses e impedir recuos ou ataques que nos queiram impor. É preciso estar alerta, pois não é à toa que durante estes meses já muito se ouviu falar do hipotético Orçamento de Estado para 2017, a ser aprovado ainda este ano.

Se a ideia é tentar apanhar os estudantes e os trabalhadores desprevenidos, o tiro sai pela culatra; nem em tempo de férias os jovens estão menos atentos, nem a luta abranda. São centenas de exemplos de lutas que decorreram neste Verão, greves, denúncias, e até mesmo acções de contacto. A juventude segue com a luta e com a denúncia mostrando que não será o sol do Verão que encandeia a consciência da juventude. E o caminho é só um: o da luta. Por uma vida digna, pelos direitos e pela felicidade de todos e cada um.

Este último ano foi prova cabal disso. Há um ano, na última Festa do Avante!, talvez muitos pensassem que era impossível derrotar o governo PSD/CDS que tanta miséria, pobreza e retrocesso impôs. O que é certo é que um ano depois, pode dizer-se que foi com a luta que se derrubou o governo PSD/CDS e se deu entrada numa fase da vida política em Portugal. Foi através da luta incessante determinada e corajosa, da juventude e do povo, que se conseguiram congelar propinas, reaver as 35 horas de trabalho, feriados, o aumento do salário mínimo e outros tantos direitos que foram roubados pelos sucessivos governos e as suas políticas de destruição.

Apesar dos avanços, ainda existe uma longa estrada para andar. Se a luta trouxe vitórias, é intensificando-a que conseguiremos o que é nosso. Porque essas mesmas vitórias alcançadas, ainda que aquém do que a juventude necessita demonstram que não é inevitável o caminho de exploração e empobrecimento e que é possível reverter anos e anos de destruição, que é possível trabalhar com direitos, ir à escola com condições para estudar, ter tempo livre… em suma, viver!

A JCP e o PCP deram, como sempre, o seu inestimável contributo, seja para o desenvolvimento das lutas de massas nas escolas, nos locais de trabalho ou mesmo nas ruas, seja na Assembleia da República, discutindo, propondo, desmistificando falsas teorias, mostrando que há um caminho diferente, que é possível resolvermos os problemas do nosso país respeitando os trabalhadores, que há esperança!

Está nas nossas mãos uma vida melhor, uma vida mais digna. Porque a história demonstra, que valeu, vale e valerá sempre a pena lutar. Assim como valerá sempre a pena tomar Partido!

Estamos na 40.ª Festa do Avante!, o mais grandioso momento político-cultural do nosso país e onde, como em mais nenhum lado, se transpira solidariedade, fraternidade e camaradagem. Onde cada um que pisa aquela “terra dos sonhos”, quer seja a sua primeira vez ou um hábito recorrente, têm uma pequena amostra de que aquele Portugal feliz que se encontra naquele pedaço de terra plantado, durante três dias, pode ser, definitivamente o Portugal feliz que todos nós queremos. E são os infinitos sorrisos, as longas conversas, as vastas experiências, o espírito colectivo, a camaradagem, a força e a confiança que teremos de trazer destes três dias de Festa, para todos os dias de luta que teremos pela frente, nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nas ruas, intensificando a luta, despertando consciências, quebrando barreiras, saltando preconceitos. É com este empenho e compromisso, com o espírito que se vive na Festa do Avante! Que construiremos o Portugal que queremos, que lutaremos por uma política patriótica e de esquerda, rumo à Democracia Avançada, ao Socialismo e ao Comunismo. À luta.