Ensino Profissional público, gratuito e digno é um direito dos estudantes

O Ensino Profissional tem de ser encarado no sistema educativo nacional pelo seu papel estratégico para o país para a formação de estudantes que venham a ser trabalhadores qualificados e com direitos, respeitando a sua formação integral.

A JCP tem uma intervenção regular nas escolas do Ensino Profissional por todo o país, conhecendo bem a realidade de muitos dos seus estudantes que vêm os seus direitos sucessivamente atacados.

O Ensino Profissional tem de ser encarado no sistema educativo nacional pelo seu papel estratégico para o país para a formação de estudantes que venham a ser trabalhadores qualificados e com direitos, respeitando a sua formação integral. A dignidade desta via de ensino é muitas vezes pervertida, não se apostando na qualidade e nas condições da educação e das escolas profissionais, favorecendo antes os interesses de empresas em ter mão-de-obra “rapidamente e à sua medida” e em arrecadar financiamento de programas nacionais e da União Europeia. São muitos os problemas que os estudantes do Ensino Profissional enfrentam, como uma carga horária muito exigente; centenas de horas de estágio (em que proliferam abusos e estágios fora da área de formação); desvalorização da formação teórica e por vezes falta de condições para a formação mais prática; limitações à participação na vida democrática da escola seja em associações de estudantes, reuniões gerais de alunos ou outras actividades estudantis; regime de faltas e de reposição de aulas e módulos (mesmo quando as faltas são justificadas); entre tantos outros problemas.

Os estudantes do Ensino Profissional têm pois razões para lutar e para dar voz às suas justas reivindicações.

Porque quando um estudante do Ensino Profissional tem menos horas de uma disciplina nuclear, quando um subsídio lhe não é pago, quando ele não pode entrar no ensino superior porque, apesar do que lhe foi dito, a sua preparação não é suficiente, isto reflecte bem a injustiça de um sistema que o oprime e que investe nesta via de ensino, sem qualquer preocupação com cada um dos estudantes e a sua formação, mas sim com o intuito de através de estágios ou outros mecanismos que nada mais são do que o pináculo da exploração, obter mão-de-obra técnica e treinada a baixo custo, aproveitando assim, sem rodeios, o futuro de centenas de estudantes do Ensino Profissional, para benefício próprio. As condições deste estudantes agravam-se quando, depois de tudo isto, os estudantes do Ensino Profissional vêm atacada a sua liberdade de se reunirem através de organismos como as associações de estudantes, para poderem lutar pelos seus direitos, uma estratégia adoptada por direcções de escolas em todo o país, que põem em prática a velha máxima “dividir para reinar”.

Neste início de ano lectivo, a JCP apela a todos os que estudam no Ensino Profissional para que se organizem nas suas escolas, que criem ou defendem a sua Associação de Estudantes, que lutem tanto pelos seus direitos exigindo a resolução de cada um dos problemas com os quais são confrontados diariamente, que vão desde as questões pedagógicas aos problemas com os subsídios ou os estágios. Lutar para alterar cada um destes problemas, é lutar por um Ensino Profissional digno.