40 anos da Festa do Avante!

A 24 de Setembro de 1976 abriam-se as portas da primeira Festa do Avante!. Hoje, dia 2 de Setembro de 2016, celebramos, a sua 40.ª edição. Continua a ser a mesma Festa, a Festa que a juventude tornou sua, não sendo já no mesmo espaço nem sendo os mesmos jovens a construí-la. Profundamente enraizada no património cultural português, fruto dos valores de Abril, importa conhecer alguns traços da sua história.

Em 1976 uma Festa com as características da Festa do Avante! não existia em Portugal. País acabado de sair de uma ditadura fascista de 48 anos, só mais tarde viriam a surgir as dezenas de festivais de verão que agora povoam a paisagem de norte a sul.

A Festa do Avante! acabaria por se concretizar com características muito próprias, nomeadamente das festas populares portuguesas, que traduzem as particularidades da nossa cultura e da vida, funcionamento e ligação às massas do PCP.

A primeira morada seria a FIL, centro de Congressos de Lisboa, que foi pequeno para todos os visitantes que chegaram de todo o país, para conhecerem artistas vindos de todo o mundo e visitarem os espaços construídos por milhares de militantes e amigos. Em 1977 passou-se ao Jamor. Espaço demasiado grande, diziam, mas que seria invadido pela multidão, que encontrou uma verdadeira cidade, entre pavilhões e palcos. Depois de mais um ano no Jamor, em 1979 a Festa partia para o Alto da Ajuda. Foi preciso refazer tudo: avenidas, abastecimento de luz e água, esgotos. Reconstruir o vasto palco principal. Em 1980, mais uma vez na Ajuda, a Festa realiza-se em Julho.

Em 1987 não houve Festa por impedimento da autarquia. No ano seguinte volta a realizar-se em Loures, repetindo-se todo o esforço de criação de bases para que esta fosse possível. Estes obstáculos obrigam o PCP a uma aventura inimaginável: comprar um terreno próprio para a realização da Festa. Em 1990, ao mesmo tempo que chegavam notícias inquietantes de Leste, a Festa abria as suas portas pela primeira vez na Quinta da Atalaia no Seixal, terreno comprado após uma ampla campanha de fundos entre militantes e amigos que angariou 150 mil contos. Nas palavras do camarada Álvaro: Este ano, para todos nós, a Festa do Avante! tem um sabor novo e contém em si motivo de nova alegria. É que a Atalaia é nossa, podendo aqui confirmar-se que a campanha de fundos ultrapassou os 100 mil contos, o que nos dá a certeza de, dentro em pouco, termos respondido a todas as obrigações e compromissos para o efeito assumidos. Termina o jogo indigno de governos e outras entidades de cederem terrenos abandonados, cheios de mato e pedras, com a esperança de nos afundarmos neles, e depois os tirarem sem outra razão que não fosse não poderem suportar a exaltante demonstração dada pela Festa do Avante! da poderosa energia e capacidade de realização que se desprende do trabalho de um partido que se afirma e é um partido dos trabalhadores e do povo; não poderem suportar a demonstração de valor irradiante de criatividade, de mensagem cultural, cívica e política, do ambiente e convívio fraterno e humano, da ligação às massas e da influência de massas do Partido Comunista Português.

O alargamento e valorização da Festa com a aquisição da Quinta do Cabo são resultado de uma nova campanha de fundos que recolheu entre militantes e amigos mais de 1 200 000 euros.

São enormes as potencialidades e aquilo que desta forma afirmamos para o futuro: a Festa cresce, e com ela a organização e o alcance da nossa proposta.; Sendo verdade que cada vez é maior a oferta de festivais de verão, a Festa do Avante! não perde o seu espaço cujo carácter é indiscutivelmente distinto. A Festa não é um festival porque é uma celebração da qual fazem parte os que a constroem e os que a visitam, uma construção colectiva que espelha a criatividade e o conhecimento dos milhares que nela deixam a marca da sua mão, e onde encontramos as características que acreditamos serem parte integrante da forma como entendemos a cultura democrática diversificada, com elementos profissionais mas mantendo o seu carácter popular, com programação e actividades desde a música, ao desporto, passando pelo teatro e cinema, com uma verdadeira miniatura de um país, da sua gastronomia e artesanato, mas sobretudo das lutas daqueles que nele vivem e trabalham.