Como se fez o 25 de Abril?

Foram 48 anos de ditadura fascista em Portugal. 48 anos em que, apesar da dura repressão do regime, nunca deixou de haver quem lutasse contra o fascismo, pela democracia e a liberdade. Foram todas as lutas, umas maiores outras mais pequenas, mas todas de grande significado e importância, que criaram as condições para o derrube do fascismo e para a madrugada libertadora do 25 de Abril. Lutas em que os comunistas estiveram sempre presentes, sendo o PCP o único partido que resistiu durante toda a ditadura mantendo sempre actividade e a sua direcção política dentro do território nacional, com vários exemplos de heroísmo na resistência às mais duras provações impostas pela clandestinidade, incluindo a prisão e a morte de muitos comunistas.

É importante relembrar o papel que a juventude teve ao longo dos anos na luta anti-fascista. Damos aqui apenas alguns exemplos de como a luta foi fundamental para derrubar o fascismo:

ANOS 30

A juventudarrastao.blogs.sapo.pte esteve presente desde os primeiros momentos em que a luta anti-fascista se afirmou. Logo em 1934, no culminar de um longo processo de luta contra a fascização dos sindicatos e contra o governo de Salazar, temos o marco da greve geral dos operários vidreiros na Marinha Grande a 18 de Janeiro, em que os trabalhadores chegaram a tomar o poder naquela localidade, a que se sucedeu uma brutal repressão pelo fascismo. Segundo os participantes nesse momento alto da luta anti-fascista, havia uma grande influência das Juventudes Comunistas nas fábricas, nomeadamente junto dos aprendizes.

Anos 40 e 50

Apesar da brutal repressão, houve ao longo dos anos diversos focos de luta dos jovens contra o fascismo, nas escolas (liceus, escolas industriais e comerciais, universidades), e nas empresas. Das várias estruturas, destacamos o Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) que foi criado para dar expressão a essa luta, aproveitando todas as possibilidades de actuação política legal, articuladas com um trabalho clandestino e semi-legal.

O MUD Juvenil teve uma grande importância na criação de Associações de Estudantes e na eleição de dirigentes agualisa6.blogs.sapo.ptassociativos comprometidos com os valores democráticos. A influência e mobilização do MUD Juvenil foi ainda determinante para contrariar a influência da organização para-militar criada pelo regime fascista, a Mocidade Portuguesa, que apesar de ser de participação forçada para muitos jovens, nunca conseguiu ter a mesma capacidade de mobilização do MUD Juvenil.

Das muitas lutas e acções anti-fascistas que poderiam ser citadas, destacamos a Semana da Juventude, que foi lançada pela Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD, estrutura da qual actualmente faz parte da JCP) em Março de 1947 e que teve expressão em Portugal por diversas actividades organizadas pelo MUDJ, entre as quais um acampamento de jovens em defesa da democracia, realizado em Bela Mandil, no Algarve, e que foi brutalmente reprimido pelo fascismo. É daí que o 28 de Março foi consagrado, após a Revolução de Abril, como o Dia nacional da Juventude, lembrando esse marco do movimento democrático juvenil.

Anos 60 e 70

Os primeiros anos da década de 1960 são marcados por grandes lutas anti-fascistas: a fuga de Peniche e outras fugas das prisões políticas do fascismo; o desencadeamento da luta de libertação nacional em Angola; as grandes lutas dos trabalhadores agrícolas do Alentejo e Ribatejo que resultaram no alcançar da jornada de 8 horas; as manifestações do 1.º de Maio de 1962, que em Lisboa tiveram mais de 100 mil manifestantes; entre outros exemplos – lutas que marcam um ascenso da luta anti-fascista, e em que a juventude esteve sempre presente.

É nesse contexto de avanços na luta que se dá o ascenso do movimento estudantil, que se inseriu na dinâmica de luta do movimento democrático e anti-fascista. Das muitas lutas académicas, destacamos a grande Crise Académica de 1962, marcada por diversas greves, manifestações, luto académico e outras formas de luta dos estudantes, dando origem à consagração do 24 de Março como Dia do Estudante. A grande greve estudantil de 1969 em Coimbra é também um marco na luta dos estudantes.

Muitos outros exemplos poderiam ser citados, desde candidaturas presidenciais, congressos, manifestações pela Paz e contra a guerra colonial, amplas mobilizações de massas que deram frutos em Abril de 1974 e no período que se lhe seguiu.