AGIT – Juventude Trabalhadora Fev. 2021

"Novas" (velhas) formas de exploração

A juventude continua a ser aquela que mais exposta está à instabilidade laboral e continua cada vez mais a enfrentar novos métodos de exploração e precaridade.

Quando falamos nestes novos mecanismos de extrema exploração e precaridade, falamos do trabalho pelas conhecidas plataformas digitais como a Glovo, Uber, Ubereats e outras.

Esta nova realidade tem sido apresentada aos jovens trabalhadores como o perfeito e ideal para quem não pretenda ou não tenha possibilidade de ter um trabalho a tempo inteiro, para quem procura um horário flexível sem preocupações, um trabalho em que consigam conciliar a sua vida profissional com a vida pessoal e, mais importante e deslumbrante que isso, para que sejam donos e patrões de si próprios. O perfeito para trabalhar onde, quando e como se quer. 

A verdade é que este novo e sedutor mundo do trabalho é simplesmente a forma mascarada que o capital tem de continuar a explorar os trabalhadores, e a vontade que tem de voltar atrás ao tempo de quando os trabalhadores não tinham quaisquer direitos laborais e proteção, quando não haviam documentos e formas legais que estabelecem limites e que regulam o trabalho no nosso país.

Estes trabalhadores para além de não terem contrato de trabalho com estas plataformas/empresas que os proteja e regule as suas condições de trabalho, não têm qualquer proteção em acidentes de trabalho, medicina do trabalho, direito ao acesso a baixa médica por doença, subsídios de férias e subsidio de natal. São trabalhadores e só recebem por entrega que façam, o que significa que trabalham se for preciso mais de 14h por dia sem direito a intervalo de descanso diário legal ou a descanso semanal, para que consigam receber no mês o correspondente a um salário.

Para além de serem explorados e mal pagos, todas as despesas inerentes ao trabalho que desempenham como o carro, mota ou bicicleta, o combustível e até mesmo todas as ferramentas de trabalho, mochilas e telemóvel, são os próprios trabalhadores que as têm de custear.

São estas condições que verdadeiramente caracteriza estas relações de trabalho que nos querem fazer crer que são inovadoras, fáceis e confortáveis.

É por tudo isto e por todas as condições precárias em que se encontram estes trabalhadores, que a JCP e o PCP as denunciam. Exige-se que estes trabalhadores, maioritariamente jovens, tenham direito ao trabalho digno, o direito à organização sindical nos locais de trabalho, o direito ao subsídio de férias e de Natal, o direito ao salário mínimo nacional, o direito às 35 horas de trabalho semanal.