Carta Aberta: Para onde vai o CNJ?

Para onde vais CNJ?

Face aos recentes acontecimentos envolvendo a Direcção e o funcionamento do Conselho Nacional de Juventude, a Juventude Comunista Portuguesa questionou, formalmente e por escrito, os órgãos do CNJ, propôs a realização de uma Assembleia Geral extraordinária e reuniu mesmo, a nosso pedido, com a Presidente da Direcção e com a Presidente da Assembleia Geral.

O muro de silêncio com que nos deparámos obriga-nos a denunciar, publicamente, o que reputamos de instrumentalização do CNJ ao serviço de interesses pessoais e partidários.

Vamos aos factos.

  1. Ao longo do último mandato da Direcção do CNJ, a acção desta estrutura foi reduzida a acções que pudessem dar visibilidade ao seu Presidente, Hugo Carvalho. As Comissões específicas não funcionaram, não se realizaram as reuniões da Assembleia Geral. O CNJ funcionou em função das interesses de afirmação de uma só pessoa. Compreende-se hoje com que objectivo.
  2. Na sequência da demissão de Hugo Carvalho para assumir uma (legítima, diga-se) candidatura às eleições legislativas, a organização que ele ali representava decidiu indicar, não alguém da sua estrutura Federação Académica do Desporto Universitário, mas alguém do Corpo Nacional de Escutas, que já fazia parte da direcção. Com isso, abriu-se um precedente único na história do CNJ. Registe-se que a eleição não é uninominal, antes é feita entre as organizações-membro.
  3. Com a indicação de um dos membros da direcção para a Presidência, abriu-se uma vacatura a que se seguiu uma segunda vacatura com a demissão do representante da Federação Nacional de Estudantes do Ensino Superior Politécnico.

Após mais de dois meses apenas uma está superada.

  1. Sem haver qualquer informação às Organizações-membro do CNJ a novél Presidente anunciou, em pleno mês de Agosto, a realização do Encontro Nacional da Juventude para 26, 27, 28 e 29 de Setembro. Apenas por coincidência, o Encontro Nacional da Juventude, que se realizou no distrito onde Hugo Carvalho é cabeça de Lista pelo PSD, coincidiu com o auge da Campanha Eleitoral, onde o diálogo é sempre mais difícil pois cada um está fechado na defesa dos suas próprias posições.
  2. Questionada sobre estes vários elementos – mudança da maior parte dos membros da Direcção, incluindo o seu Presidente; alteração do compromisso da organização que Preside ao CNJ; convocação do que devia ser o momento maior da vida do CNJ sem qualquer envolvimento das OOMM – a Presidente em exercício não considera haver motivos para ouvir a opinião das Organizações em Assembleia Geral.

Pela nossa parte decidimos não calar. Decidimos lembrar, porque temos memória colectiva, que o CNJ foi sempre uma estrutura de debate colectivo, um espaço de contacto entre as Organizações Nacionais de Juventude, um interlocutor junto do Governo, porque as organizações souberam pôr de lado posições sectárias e valorizar o que as unia de preocupação com os interesses, direitos e aspirações da juventude.

Decidimos sublinhar que os Encontros Nacionais da Juventude foram sempre momentos de debate intenso, mesmo duro, mas foram importantes momentos de convívio fraterno e onde foi possível chegar a plataformas de entendimento que constituíram autênticos cadernos reivindicativos junto de diversos Governos.

Depois de realizado o Encontro, não podemos deixar de assinalar que, infelizmente, se confirmou o risco para o qual a JCP já tinha alertado, constituindo um monumental fracasso, seja ao nível da participação das organizações membro seja ao nível da participação juvenil.

As escassas dezenas de jovens que acabaram por comparecer procuraram assumir o seu papel, dialogando de forma aberta, questionando as opções da direcção do CNJ de partidarização do evento e assumindo conclusões que agora devem ser publicitadas.

Mas tal não faz apagar que, na ânsia de servir interesses estranhos aos da Juventude, a actual direcção do CNJ ficará associada a um percurso de atropelos às mais elementares regras que tivessem por objectivo o envolvimento da juventude.