16º FESTIVAL MUNDIAL DA JUVENTUDE E DOS ESTUDANTES Declaração Final
22-Ago-2005
O 16º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (FMJE) reuniu-se com sucesso em Caracas, República Bolivariana da Venezuela, de 7 a 15 de Agosto de 2005 dando continuidade ao Movimento dos Festivais e fortalecendo-o como o mais significativo evento político, cultural e anti-imperialista organizado pelas forças juvenis e estudantis progressistas e democráticas do mundo.

Esta décima sexta edição contou com a participação de mais de 17 mil delegados e delegadas de organizações locais, nacionais, regionais e internacionais de 144 países em representação de milhões de jovens e estudantes do mundo. Estes jovens, reunidos sem distinção de idades, ideologias, género, origem étnica e social, participaram em diversas e inúmeras actividades do 16º FMJE. Nos meses que o antecederam, durante o processo preparatório e interpretando as necessidades do momento político, conseguiu-se estimular uma grande mobilização e amplos espaços de debate em centenas de cidades e países, juntando vontades em torno do lema que nos convocou a Caracas: “Pela Paz e a Solidariedade, lutamos contra o Imperialismo e a Guerra!”.

Hoje em dia, quatro anos após a realização do frutuoso 15º FMJE na Argélia, as forças imperialistas do mundo, encabeçadas pelo governo dos Estados Unidos estão na ofensiva de maneira agressiva e sub-reptícia, tentando afastar indiscriminadamente do seu caminho todos os obstáculos que encontrem, de forma a consolidar o seu poder de alcance global. Este Festival realizou-se num momento histórico pelo qual a humanidade está a passar, num continente que está a desferir derrotas decisivas ao imperialismo; num país que constrói um caminho de esperanças, inserido na tradição de solidariedade e de luta do Movimento dos Festivais, ratificando a sua firme posição relativamente às duas tendências que se encontram numa batalha irreconciliável: por um lado, o imperialismo, com suas políticas de guerra e intervencionismo e, pelo outro, os povos que lutam por seus direitos irrenunciáveis.

Os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 foram utilizados como pretexto pelo governo dos Estados Unidos e seus aliados para lançarem uma escalada na sua campanha imperialista de domínio mundial, enquadrada numa suposta “guerra contra o terrorismo” e de “luta pela liberdade” contra fictícios “eixos do mal”, tratando de impor os seus padrões sociais, económicos, culturais e ideológicos. Estes factos e as suas consequências marcaram a táctica do imperialismo durante os últimos quatro anos, aproveitando-os para aprofundar a sua política expansionista, onde pugnam permanentemente as contradições e alianças entre os pólos imperialistas (Estados Unidos, União Europeia (EU) e o Japão). Esta agressividade imperialista, em constante crescimento utiliza todas as formas conhecidas para alcançar os seus objetivos, designadamente bloqueios, provocação de conflitos, ameaças de intervenção, intervenção militar, guerras e ocupações contra países e movimentos; produzindo uma intensificação dos ataques contra os direitos e liberdades dos povos. Visando justificar tudo isto, o imperialismo utiliza os meios de comunicação, a educação, a arte, o lazer e outras actividades para realizar uma sofisticada ofensiva ideológica, com o objectivo de ter um suporte teórico e moral para todas as referidas medidas. É verdadeiramente alarmante como esta ofensiva afecta de diversas maneiras a juventude, inclusive desde a infância. O esforço insolente de identificar a resistência como uma forma de violência e a luta como uma forma de terrorismo é um fenómeno de longa data, que não engana os povos e que, apesar do continuado uso da distorção da realidade e de inúmeras provocações excessivas para alcançar esse objetivo, os movimentos de resistência crescem e fortalecem-se. Toda essa agressividade não é casual, é resultado da impossibilidade do imperialismo apresentar soluções para as necessidades da vasta maioria da população do nosso planeta e manter, assim, a sua existência. A sua agressividade é expressa em vários aspectos. Desde o ponto de vista económico provocam uma reestruturação estratégica do seu funcionamento (conhecida como políticas neoliberais) visando o aumento da exploração e a concorrência. A nível militar para assegurar o domínio dos mercados e recursos; do ponto de vista político para garantir o seu domínio sobre os povos e do ponto de vista ideológico para prevenir ataques à sua perpetuidade. O imperialismo não é invencível como pretende fazer crer, pelo contrário, a sua profunda crise é estrutural e a sua agressividade não tem outra alternativa que não seja a vitória total dos povos.

Desta forma, apesar da ofensiva ideológica do imperialismo, as forças progressistas e amantes da paz fortalecem-se e renascem com mais determinação e nós, jovens e estudantes conscientes do mundo, conhecemos também o nosso papel histórico e desde 1947 reunimo-nos nos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes para ratificar os nossos princípios de luta, trocar experiências e estabelecer bases referenciais para a articulação de nossas acções regionais e internacionais pela libertação da humanidade de qualquer tipo de opressão, discriminação e domínio imperialista para que prevaleçam a justiça e a liberdade para todos os povos. A organização, consciencializacão e mobilização dos jovens e estudantes do mundo têm aumentado. Em cada lugar onde o imperialismo interveio, atacando as liberdades e os direitos dos povos, encontrou uma resistência digna, quanto mais se empenha em violentar a independência, a soberania e a autodeterminação, mais formas de resistência são encontradas pelos povos para atacar esses interesses. Por isso, o nosso primeiro compromisso sempre foi e será com os povos, os jovens e os estudantes que fazem parte dele e sofrem em grande medida as políticas do imperialismo.

A resistência contra o imperialismo e o capitalismo ganha cada dia mais adeptos perante a evidência de ser um sistema inviável, pela sua impossibilidade de resolver os problemas, necessidades e interesses da juventude e dos estudantes. Por isso, desenvolveu-se uma crescente mobilização das organizações locais, nacionais, regionais e internacionais progressistas, anti-neoliberais e anti-imperialistas, e de toda a juventude contra as máquinas de guerra, as invasões e ocupações no Afeganistão, no Iraque; contra os planos imperialistas para conseguir o reordenamento do mundo e tentar mudar a seu favor o mapa geopolítico; contra a intervenção imperialista nos assuntos internos dos países; contra as políticas de alienação e intervencionistas do G-8, OTAN, FMI, BM, OMC, UE, TLC’s, a ALCA; contra as dívidas e o militarismo; contra as bases e os planos militares de intervenção como o “Plano Colômbia” e Guantánamo; contra o emprego sistemático da tortura e a violação impune dos direitos humanos.

Neste ano, quando comemoramos o 60º aniversário dos criminosos bombardeamentos a Hiroshima e Nagasaki, o imperialismo continua a demonstrar a sua natureza agressiva. Mas encoraja-nos que no quadro das grandes experiências do século XX estejamos a celebrar simultaneamente a vitória anti-fascista dos povos e a fundação da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), dois acontecimentos estreitamente ligados que demonstram uma vontade imbatível pela paz e a solidariedade, e que honram os milhões de vidas que defenderam esses princípios e que marcaram o início de grandes transformações sociais, do processo de descolonização e de mudanças na correlação de forças a nível mundial. A memória da gloriosa vitória do povo do Vietname sobre o imperialismo, há já três décadas, as suas posteriores conquistas económico-sociais e as nossas lutas e experiências acumuladas enchem-nos de esperança e confiança de que hoje, como ontem, vamos ultrapassar as dificuldades e os povos conseguirão a vitória.

De muitas formas e em todo o mundo a juventude luta contra a exploração, os bloqueios, os embargos, as sanções e todas as formas de discriminação e fundamentalismo. Nós estamos comprometidos e lutamos por um mundo de paz, livre de armas nucleares, por um sistema sócioeconómico diferente, que tenha o ser humano como seu centro e principal protagonista e artífice, baseado na justiça social, na soberania nacional, na independência, na autodeterminação, na democracia, na segurança, na cooperação e solidariedade internacional. Exigimos o respeito por e fazemos um apelo à defesa dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, dos direitos sexuais e reprodutivos, do desenvolvimento sustentável e do meio ambiente. Exigimos que todos tenham acesso a um emprego digno e com direitos, à educação, à saúde, ao desporto, à cultura e à tecnologia. Somos optimistas porque há razões para sê-lo, porque defendemos e lutamos por causas justas, porque conseguimos avançar, porque encaramos e ultrapassamos as dificuldades com a alegria e a rebeldia que caracteriza os jovens.

O imperialismo tenta impor uma visão unilateral e interesseira sobre os direitos humanos, privilegiando os interesses dos grandes empresários e industriais e do capital transnacional sobre os direitos dos povos, em que, por exemplo, os próprios cidadãos norte-americanos sofrem permanentemente a repressão de um sistema racista, excludente e alienante, contra o qual se estão insurgindo. O direito mais fundamental da humanidade é o direito à vida e a tudo o que ela envolve, especialmente o direito a decidir soberanamente o tipo de sociedade em que quer viver e o seu direito inalienável a lutar por construí-la. O imperialismo nega esses direitos de muitas formas através das estruturas capitalistas internacionais, distorcendo o papel da ONU e, quando necessário, mediante guerras de ocupação como na Jugoslávia, no Afeganistão e no Iraque. O imperialismo tenta construir uma nova ordem totalitária mundial contra a juventude, os trabalhadores, e os povos.

Exigimos a eliminação de todas as bases militares estrangeiras, de todas as armas nucleares, químicas e biológicas, dos testes nucleares, a redução dos orçamentos armamentistas, que se incrementaram especialmente nos Estados Unidos.

A política belicista do imperialismo provoca situações como os refugiados, que aos milhões têm que abandonar os seus lares, terras, trabalhos e famílias. Da mesma forma as políticas económicas da fome fazem com que aumentem os emigrantes, que na sua maioria tentam chegar aos países capitalistas desenvolvidos de forma ilegal sendo tratados em condições de escravatura, o que constituiu uma vergonha para a humanidade.

É uma tarefa urgente mobilizar as massas populares, fazendo pressão internacional, para conseguir uma verdadeira democratização da ONU. E combater as intenções dos Estados Unidos e seus aliados de impor reformas que consolidem o uso desse organismo multilateral como apoio internacional para legitimar suas acções de intervenção quando deveria cumprir um papel de equilíbrio real entre as nações do mundo com igualdade de direitos e deveres, e dando poder de decisão vinculativo à Assembleia Geral.

O imperialismo gera também uma educação para a juventude em condições precárias, estimulando a exclusão e a saída do sistema educativo formal. Actualmente 113 milhões de crianças não assistem à escola e 130 milhões de jovens são analfabetos. Contra a sua mercantilização exigimos o total acesso à educação pública, gratuita e de qualidade.

Os avanços científicos e tecnológicos, que devem ser considerados património de toda a humanidade, são apropriados pelo capitalismo que limita as suas aplicações. A Internet ainda é inacessível para as grandes maiorias. Por exemplo, a África Subsahariana conta com 10% da população mundial, mas apenas 0,1% têm acesso à Internet. Exigimos que os progressos tecnológicos e científicos estejam ao serviço da juventude e dos povos e que não sejam considerados como mais uma forma de obter lucros. O acesso a alguns serviços fundamentais é muito limitado, por exemplo, dois bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à eletricidade.

O desenvolvimento das vias e dos meios de comunicação massivos não se reflete num processo de democratização no acesso e na produção da informação e da cultura. As companhias transnacionais concentram a maioria dos centros de informação mundiais e o conteúdo dessa informação está sujeito aos interesses de classe da ideologia dominante contra os interesses da juventude e dos estudantes.

Nesta batalha global, a contra-ofensiva dos povos não se relaciona apenas com aspectos económicos, mas também no plano ideológico, que serve para a alienação e dominação, especialmente da juventude, criando-lhes falsas necessidades e aprofundando o individualismo. Por isso, o trabalho educativo e cultural que fazemos, e que tem avançado muito nos últimos anos chegando a mais pessoas a cada dia que passa, deve ser impulsionado por todas as vias à nossa disposição.

Na actualidade, o capitalismo e o imperialismo, em profunda crise, estão a eliminar a maioria dos direitos laborais, especialmente no caso de jovens trabalhadores que também sofrem os efeitos do desemprego em maior medida. Lutamos pelo direito dos jovens a um trabalho digno. Apoiamos a luta organizada dos jovens trabalhadores na defesa dos interesses de todo o povo, reforçando o movimento sindical contra as novas formas de exploração, perante as tentativas de criar uma nova geração desumanizada e sem direitos de nenhum tipo.

Os povos têm o irrenunciável direito de dispor das riquezas e recursos da Terra para, de forma racional e em equilíbrio com o meio ambiente, empregá-las em benefício das urgentes necessidades de ¾ da humanidade. O imperialismo utiliza a guerra, estimula os conflitos internos e o terrorismo de Estado como ferramentas para se apoderar das riquezas dos nossos países. Hoje, 40% da população mundial não tem condições sanitárias elementares. Mais de um bilhão de pessoas no mundo não têm fontes seguras de água potável, e entre eles, cinco milhões, sobretudo crianças, morrem anualmente por doenças ligadas a este problema.

A fosso entre a parte mais rica da população e a mais pobre aumenta continuadamente. Mais de um bilhão de pessoas no mundo sobrevivem com menos de um dólar por dia. A cada três segundos e meio morre de fome uma pessoa, a imensa maioria deles, crianças.

A dimensão planetária do capitalismo também provoca a distribuição desigual do poder econômico do mundo. Os 24 países mais ricos recebem 85% da riqueza mundial. A injusta divisão internacional do trabalho e as “dívidas externas” fazem com que os países devedores dependam dos mais ricos. A situação dos chamados “países subdesenvolvidos” é resultado da relação de dominação que os centros capitalistas exercem sobre essas nações. É vital para o capitalismo manter essa relação de dependência.

A cooperação Sul-Sul é uma necessidade estratégica para os nossos povos, que já deu resultados positivos contra os interesses monopolistas das grandes potências. É preciso promover todas as formas possíveis de intercâmbio, comunicação e articulação entre as organizações juvenis e estudantis e os povos em geral para, unidos, encararmos o desafio de escolher o caminho de desenvolvimento adaptado às suas próprias necessidades e objetivos.

Dez milhões de jovens vivem com SIDA, sobretudo em África e na Ásia. Aproximadamente três milhões de pessoas morrem anualmente vítimas da malária. Exigimos o acesso gratuito e universal ao atendimento médico para a juventude e os povos como a única forma de garantir o direito humano à saúde.

Todos estes dados alarmantes, publicados no Relatório sobre a Juventude Mundial 2005, da ONU, reforçam ainda mais que devemos lutar contra as causas desses males. Cada dia que avancemos na destruição do imperialismo e da exploração são vidas que se salvarão.

Devemos colocar ênfase no fortalecimento da articulação dos diferentes sectores sociais, especialmente entre os juvenis, onde a juventude trabalhadora, mulheres, estudantes, camponeses, indígenas, movimentos populares, visando o fortalecimento de objetivos particulares dentro de uma luta coesa com outros sectores, tenham claro que o avanço e o progresso colectivo serão para benefício de cada um, porque as conquistas nacionais contribuem para a luta global contra o imperialismo. Devemos participar e fortalecer espaços locais, nacionais, regionais e internacionais de articulação anti-neoliberal, anti-globalização, anti-capitalistas ou anti-imperialistas onde se possam vincular as organizações e as grandes massas desfavorecidas mais directamente afectadas pela actual ordem internacional, com objetivos comuns, partilhando experiências e ampliando os níveis de influência e alcance social.

Solidarizamo-nos com o povo e a juventude do Iraque e com a sua luta e resistência contra as forças imperialistas de ocupação, pelo que exigimos a retirada imediata dessas forças e a preservação da soberania e unidade iraquiana. Denunciamos a política repressiva do imperialismo e dos seus agentes na região e exigimos a libertação de todos os presos políticos. Recusamos as pretensões imperialistas de transformar o mapa geopolítico através do “Projeto para o Grande Médio Oriente” sob pretextos que utiliza indiscriminadamente, escolhendo segundo os seus interesses os países que considera serem regidos por ditaduras e que se devem converter em “democracias”. Para tal, o governo de ingerência dos Estados Unidos conta com o apoio servil do governo sionista de Israel, que desempenha um papel de desestabilização na região e de agente de eliminação indiscriminada contra os movimentos de resistência na região. Solidarizamo-nos com o povo e a juventude da Palestina na sua luta por um Estado independente com Jerusalém como sua capital, seu direito a resistir à ocupação, o retorno dos refugiados de acordo com as resoluções da ONU, e apelamos à comunidade internacional para que apoie a luta pelo desmantelamento imediato do muro do apartheid, que Israel está construindo no território ocupado da Palestina. Expressamos a nossa solidariedade com a juventude e o povo Sírio, com a sua luta e o seu direito à resistência contra a ocupação israelita, pelo que exigimos a sua retirada imediata do “Golãn Sírio”, e rejeitamos as decisões extraterritoriais do Congresso dos Estados Unidos contra a Síria. Condenamos a interferência das forças imperialistas nos assuntos internos libaneses, que visam provocar instabilidade no país e na região. E apoiamos a luta da juventude e do povo libanês na sua resistência pela libertação das “Fazendas Libanesas de Cheeba” ocupadas por Israel e exigimos a sua retirada imediata. Expressamos a nossa solidariedade com o povo e a juventude de Marrocos na sua luta pela libertação de Ceuta e Melilla, ocupadas por Espanha.

Os povos e os jovens da Europa, afectados pela crescente dominação da União Europeia, sofrem no seu dia a dia o verdadeiro carácter imperialista desta instituição, a qual tem também efeitos na juventude de todo o mundo. Somos solidários com os povos dos Balcãs, que durante anos têm sofrido as consequências da guerra e as constantes intervenções da OTAN e da UE; com o povo do Chipre, cipriotas gregos e cipriotas turcos, na luta pela sua reunificação e salientamos a necessidade urgente de pôr fim à ocupação turca e conseguir uma saída pacífica, viável e efectiva para este problema, com base no direito internacional e nas respectivas resoluções da ONU, aceitáveis para ambas as comunidades; com a luta do povo irlandês pela retirada do exército britânico, com o objetivo de conseguir uma Irlanda independente e unificada. Também expressamos a nossa solidariedade com os partidos, movimentos e militantes que encaram a perseguição e as restrições, sobretudo, no Leste da Europa; com as crianças, jovens e o povo em geral dos ex-países socialistas que durante os últimos anos têm enfrentado uma situação dramática de fome, miséria, desemprego, analfabetismo, consumo crescente de estupefacientes, falta de atenção médica básica e de direitos democráticos como resultado do regresso desses países ao capitalismo. Solidarizamo-nos com os milhões de refugiados e imigrantes que vivem na fortaleza europeia e são constantemente explorados e tratados como delinquentes e utilizados como pretexto para impor medidas reaccionárias contra os povos e os jovens em geral, bem como com todos os povos e jovens do continente que trabalham e lutam contra o domínio imperialista e a exploração.

Fazemos um apelo aos jovens do mundo para que se solidarizem com juventude coreana pela reunificação do seu país sob os princípios da independência, paz, unidade nacional e da Declaração Conjunta Norte-Sul de 15 de Junho e denunciar a presença das tropas dos Estados Unidos a sul do paralelo 38, para além de sua política permanente de desestabilização da região. Expressamos a nossa solidariedade com a juventude e o povo do Nepal na sua luta pela democracia e pelos direitos humanos. Exigimos o retorno, com respeito e dignidade, de todos os refugiados do Butão ao seu país. Ratificamos nossa solidariedade com os estudantes, a juventude e o movimento democrático de Myanmar na sua luta pela democracia, contra a junta militar e as acções repressivas aplicadas contra esse povo. Expressamos nosso apoio ao movimento progressista do Sri Lanka, que luta a favor da unidade nacional, contra as tentativas imperialistas de divisão do país e de desestabilização da região. Saudamos o povo e a juventude do Vietname, na sua luta pela independência nacional e o socialismo, quando se comemora o 60º aniversário da constituição da sua república soberana e expressamos a nossa solidariedade com a luta por justiça no caso das vítimas do Agente Laranja/Dioxina, utilizado pelos Estados Unidos.

A causa principal dos problemas da juventude em África têm sido as forças imperialistas que se pretendem mostrar como salvadoras e amantes desse continente, mas que têm submetido África a contínuas guerras e conflitos internos, com o objetivo de apropriar-se dos seus ricos recursos naturais. Apoiamos a “Nova Associação para o Desenvolvimento da África” (NEPAD) como uma ferramenta e um plano que pode contribuir para promover a compreensão comum, a paz, estabilidade política e o desenvolvimento entre as nações africanas, e resolver problemas comuns que os seus povos estão a enfrentar. Fazemos um apelo à juventude do mundo para desenvolver a sua luta contra o imperialismo e o neocolonialismo, com ênfase especial no respeito pelos Estados soberanos e pelo seu direito a resolver os seus assuntos internos. Denunciamos a intromissão imperialista no Zimbábue, sendo um país independente capaz de resolver seus problemas internos e exigimos a supressão das sanções injustificadas, impostas contra Zimbábue e seu povo. Ratificamos a nossa solidariedade e apoio ao povo à juventude do Sahara Ocidental, na sua luta pelo direito à liberdade e à autodeterminação do povo saharaui, com base nas resoluções da ONU e apelamos à libertação dos presos políticos saharauis. Vemos com grande preocupação como os nossos irmãos e irmãs na República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi, Costa do Marfim e Benin estão sendo abalados por conflitos internos e guerras. Denunciamos a ditadura e a monarquia autocrática na Suazilândia e apoiamos esse povo no seu direito a escolher o governo que deseje ter. Devemos consolidar os esforços pela paz e os direitos humanos no Sudão e apoiar o actual processo de paz. Devemos continuar apoiando iniciativas para lutar por suprimir a pobreza e a fome em África. Sublinhamos a necessidade de fornecer ajuda institucional e política significativa para conseguir a paz e o desenvolvimento na região do Corno Africano (Somália, Etiópia e Eritreia). Felicitamos o povo de Angola pelos seus esforços no sentido de estabelecer e manter a paz no seu país, e fazemos um apelo a favor de uma contribuição activa para a reconstrução de Angola. Exigimos de forma enfática a eliminação total e o cancelamento incondicional da dívida africana.

Na América Latina voltam a soprar ventos de mudança e de revolução. Demonstra-se que existem, na verdade, opções para os povos, que com firmeza de princípios, organização popular e interpretando os momentos para a ofensiva, se podem desferir golpes contundentes ao imperialismo e aos seus lacaios. Isso fica demonstrado com a derrota da pretensão dos Estados Unidos de imporem a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e surge com força uma proposta de unidade e de integração latino-americana, a ALBA, baseada na integração política, económica, social e cultural. Apoiamos experiências como a Comunidade Sul-Americana de Nações. Cuba mantém-se como fonte de referência de resistência e de princípios, na qual os bloqueios e agressões entram em choque com um povo digno, com o qual as novas gerações de jovens e estudantes do mundo cerram fileiras e também exigimos a libertação dos cinco jovens cubanos injustamente presos pelo governo dos Estados Unidos. Os povos dos países que partilham o território da Amazônia e da cordilheira andina revoltam-se contra a pobreza e as injustiças; os povos indígenas lutam pela sua autodeterminação e respeito pela sua cultura; a Colômbia demonstra que não é nome de um plano de dominação imperialista, mas sim a representação de uma linha fundamental de combate com que estão comprometidos os jovens e estudantes na luta pela paz; na América Central e no Caribe sofrem a subjugação de governos corruptos, a aplicação de políticas neocoloniais e intervenções militares, como em Porto Rico e no Haiti; no Cone Sul o imperialismo não se resigna ao avanço dos povos, que estão a procurar e encontrar os seus próprios caminhos, baseados na participação activa das massas, apesar de alguns governos servis ao imperialismo. Para todos estes povos vai a solidariedade e o apoio dos jovens e dos povos do mundo.

Neste contexto reunimo-nos, alegres e combativos, manifestando a nossa mais firme solidariedade com a juventude e o povo da Venezuela, especialmente com os seus delegados e voluntários, com a sua Revolução Bolivariana, que nos receberam de braços abertos, e onde pudemos confirmar o que pode fazer um povo unido quando decide arriscar tudo pela sua convicção de ser livre e avançar pelo caminho do progresso nacional e na firme construção da unidade com os seus irmãos de luta, no continente e no mundo. A Venezuela que saiba que pode contar com os jovens e estudantes de todos os países que estão dispostos a dar um passo em frente, perante qualquer agressão imperialista que tente impedir seu caminho.

O 16º FMJE quebrou o bloqueio e a censura de informação imposta pelo imperialismo, o qual não conseguiu impedir que trocássemos experiências, estreitássemos vínculos, conseguíssemos acordos, nos conhecêssemos melhor, construíssemos uma visão mais clara e global dos nossos problemas, suas causas, e assumíssemos o compromisso colectivo de colocar todo o nosso empenho para eliminá-los, defendendo e lutando pelos direitos dos povos, da juventude e dos estudantes, onde quer que estejam em perigo, fomentando a organização e mobilização do movimento juvenil e estudantil, elevando a sua consciência política e social, mediante formas comuns de acção.

Concluímos um processo de vários meses em melhores condições para continuarmos a nossa luta através das nossas respectivas organizações e estruturas locais, nacionais, regionais e internacionais, contra os nossos inimigos comuns: o imperialismo, a exploração e a guerra.

Durante os anos vindouros, prévios ao próximo Festival, nos reuniremos em muitas ocasiões, lutando e ampliando o nosso alcance, com mais força e determinação. Esta é a maior garantia para a realização com sucesso do 17º FMJE e para continuarmos a sua gloriosa história, neste Século que começa e que deve ser o Século dos povos e da juventude, o Século da vitória dos povos sobre o imperialismo.

Pela paz e a Solidariedade, lutamos contra o Imperialismo e a Guerra!

Delegados ao 16º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes

Caracas, República Bolivariana da Venezuela, 15 de Agosto de 2005

versão para impressão
 
Juventude Comunista Portuguesa 2010-2014
Ens. Profissional
ensinoprofissional_destaque2014-01.png

Ens. Secundário

especial_13enes.jpg

Ens. Superior
Campanha de início do ano lectivo
Juventude Trabalhadora

encontrojt_130x180px.jpg