UNIVERSIDADE DE COIMBRA Pela democracia nos órgãos de gestão
08-Mar-2007
Os estudantes da Universidade de Coimbra voltaram a contestar a intenção do Governo de retirar os alunos dos órgãos de gestão das faculdades, prevista na nova Lei da Autonomia do Ensino Superior.

Uma moção aprovada na semana passada, na madrugada de dia 28, em Assembleia Magna, exige «a activa participação democrática dos estudantes e nunca abdicando da paridade de eleitos». O documento defende ainda que «o reitor deve continuar a ser eleito democraticamente pelos corpos que constituem o universo de docentes, funcionários e estudantes», bem como os órgãos de gestão das faculdades. Foi aprovada outra moção que critica o peso excessivo do Estado no Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, criada no início de Fevereiro para avaliar os cursos e as instituições. «Consideramos excessivo o peso do Estado na nomeação de três elementos no Conselho Executivo da agência, órgão que define as linhas de orientação. Defendemos mais independência perante o Governo e as instituições», afirmou Paulo Fernandes, presidente da Direcção-geral da Associação Académica de Coimbra, em declarações à Lusa. Outro ponto contestado foi o facto de serem as instituições a pagar as avaliações da agência, «não havendo qualquer aumento do financiamento público das instituições, significando uma vez mais a desresponsabilização do Estado na melhoria da qualidade». A Associação Académica de Coimbra prepara-se para fazer, em Março, um levantamento de todos os problemas infra-estruturais e pedagógicos das faculdades, das residências universitárias e das cantinas, para «agir politicamente juntos dos órgãos de gestão e de governo da Universidade e do próprio Governo».

Investimento, pede o reitor

No mesmo dia, o reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, exigiu o aumento do investimento público no ensino superior em percentagem do PIB. «Bem ao contrário da linha de pensamento do Governo, é preciso dizer que a coerência das nossas decisões em matéria de desenvolvimento nacional reclama urgentemente o aumento do esforço público na educação superior em percentagem do PIB, e não a sua diminuição, como está a acontecer pelo menos desde 2004», afirmou, no discurso de tomada de posse do segundo mandato como reitor. Seabra Santos adiantou que o Estado português investe no ensino superior cerca de 20 por cento menos do que a média dos países da União Europeia, mas as propinas representam, em percentagem do rendimento per capita, cerca de três vezes mais do que na média dos mesmos países, frisando que a acção social «fica muito aquém do que se pratica por essa Europa». «Nestas condições, é muito preocupante que se pondere aumentar ainda mais a comparticipação das famílias, fazendo recair sobre elas e sobre o futuro dos jovens encargos financeiros decorrentes de formas de financiamento importadas de países em que o poder de compra dos cidadãos é 50 por cento superior ao nosso. O recurso a empréstimos bancários é uma solução que, no actual contexto da sociedade portuguesa, manterá fora do ensino superior uma franja significativa de jovens», considerou. «Atendendo ao atraso de que partimos, é mesmo imperioso que pensemos em ultrapassar essa média [europeia] o mais depressa possível. Atingir 1.4 ou 1.5 do PIB em orçamento anual do ensino superior é o objectivo mínimo de médio prazo compatível com o paradigma de desenvolvimento económico e social em que queremos integrar-nos», defendeu, argumentando que «ao duplicar auto-estradas enquanto reduz o orçamento do ensino superior, o Governo transforma-as no símbolo e no orgulho de um modelo de desenvolvimento que desvaloriza a importância dos recursos humanos». Na ocasião, Paulo Fernandes manifestou a preocupação da Associação Académica de Coimbra com o futuro do ensino superior: «Receamos que as mudanças profundas já enunciadas pelo Governo mais não sejam do que o elitizar o ensino, o continuar da desresponsabilização do Estado, atirando para as instituições a responsabilidade de subsistirem com recursos insuficientes para um funcionamento condigno.»

in Avante! nº 1736, 08 de Março.2007

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