Intervenção da JCP
Seminário da região Europa e América do Norte (CENA) da Federação Mundial da Juventude Democrática
11-Ago-2014

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“100 anos desde o início da I Guerra Mundial: A guerra imperialista, os antagonismos e a luta pela Paz hoje” *

 

Camaradas e amigos,

Há um século tinha-se iniciado a I Guerra Mundial, reflexo das rivalidades inter-imperialistas entre as grandes potências mundiais do seu tempo. O capitalismo passou a sentir-se apertado nos velhos Estados nacionais e, assim, os «senhores do capital» se precipitaram no domínio do mundo, seja sob a forma de colónias, seja através de um entrelaçamento dos países estrangeiros com os mil fios de exploração financeira. Inevitavelmente, esta tendência de expansão gera conflitos entre as potências imperialistas. É o que se passou há um século e se passa hoje ainda com a continuação de políticas imperialistas.

Enquanto o sistema capitalista existir, sobretudo de maneira hegemónica, as guerras de agressão contra os países e povos soberanos persistirão com a possibilidade real de evoluir para conflitos de grandes proporções.

Mas isso não significa que tal guerra seja inevitável e não seja possível reunir forças e criar circunstâncias que amarrem a mão criminosa do imperialismo.
Hoje, vivemos no meio da cupidez das grandes potências e dos grandes interesses económicos sobre os recursos mundiais, o que representa uma ameaça muito grande para os povos, os seus direitos, para o progresso e para a paz. Exemplos mais recentes de como o Imperialismo não olha a meios para atingir os seus fins são as situações que se observam na Ucrânia, Venezuela e na Palestina. Na Ucrânia, o Imperialismo utilizou grupos fascistas armados para derrubar um governo democraticamente eleito, utilizando o genuíno descontentamento popular perante a degradação nacional a que o país chegou após mais de duas décadas de recuperação capitalista após o fim da URSS. Na Venezuela, o Imperialismo utilizou grupos da extrema-direita ligada ao narcotráfico e ao crime para procurar impor aquilo que, nem com uma brutal campanha mediática e com brutais ingerências conseguiu pela via eleitoral: derrubar o governo popular e progressista e terminar com a Revolução Bolivariana, para voltar a ter total controlo sobre o petróleo e outros recursos do país. Na Palestina assistimos a mais um episódio da sangrenta agressão do estado de Israel ao povo palestino, que demonstra mais uma vez a necessidade dos povos do mundo lutarem contra a prepotência de Israel, contra os seus crimes, e por uma Palestina livre e soberana!

É neste quadro de domínio mundial do Imperialismo que coexistem grandes perigos e grandes potencialidades. Cabe às organizações anti-imperialistas, como a FMJD e as suas organizações-membro são exemplos maiores no plano juvenil, reunir e construir a unidade na acção entre todos quantos estejam do lado anti-imperialista. Com a firmeza necessária àqueles que buscam trabalhar em unidade, temos de saber levar a luta anti-imperialista a maiores patamares em cada país, dando mais força à luta dos estudantes em defesa da Escola Pública, à luta dos jovens trabalhadores na defesa das conquistas sociais, na luta contra o desemprego, a precaridade, os baixos salários e a exploração, dar mais força à luta pela Paz, pela soberania nacional de todos os povos do mundo, dar mais força à luta em defesa do direito à habitação, à cultura, ao desporto, à saúde pública e gratuita, pelas liberdades democráticas e por uma sociedade de progresso e justiça social. Só aliando lutas por objectivos concretos às lutas mais gerais é que poderemos alcançar vitórias que dêm confiança às massas na força da luta e que ponham em causa a agenda do Imperialismo de aumento da exploração e da opressão sobre os povos e a juventude.

Em Portugal estivemos sempre na primeira linha da luta pela paz e em particular pelo fim das criminosas guerras coloniais. Para nós, a luta pela paz e a luta pelo progresso social e o socialismo foram sempre e continuam a ser inseparáveis.

Comemoramos este ano o 40.º aniversário da nossa revolução que pôs fim ao regime fascista no nosso país. Passados 40 anos da Revolução de Abril e à medida que os sucessivos Governos avançam com a destruição das suas conquistas, nós jovens sentimos na pele este ajuste de contas, com o crescente roubo de direitos e as sucessivas tentativas de estrangulamento das nossas vidas.

Dois anos e meio passados da assinatura do Pacto de Agressão, entre PS, PSD e CDS com a Troika estrangeira composta pelo FMI e a União Europeia, a situação em que a juventude portuguesa se encontra não é fácil.

Com os cortes brutais no orçamento para a Educação, nas escolas, as dificuldades económicas estão no centro das preocupações. Todos os anos, milhares de estudantes são forçados a abandonar o Ensino por motivos económicos, e muitos nem sequer pensam ir para os mais elevados graus de ensino devido aos seus custos incomportáveis para a maioria da população.

Assistimos a um generalizar da precaridade, com situações entre a juventude que roçam a escravatura. São milhares e milhares de jovens trabalhadores que entregam a sua força de trabalho, são milhões e milhões de lucros que dão a ganhar aos seus patrões, em troca de quase nada.
Hoje, em Portugal, são cerca de 40% os jovens até aos 35 anos que estão desempregados. Quase meio milhão de jovens não estuda nem trabalha e nem sequer tem perspectiva de futuro.
Vivemos num país cada vez mais dependente e subordinado aos interesses do imperialismo, num país de novo dominado por monopólios e sujeitos à ditadura dos mercados e dos grupos económicos e financeiros. Um país em que os sucessivos Governos submissos à União Europeia, a uma Troika estrangeira e aos interesses do grande capital internacional, conduzem os jovens para a fome e miséria e nos destroem o direito a uma vida digna.

A política de ataque e destruição dos valores de Abril, que este Governo conduz, é também acompanhada de uma fortíssima repressão às liberdades e à democracia e de uma forte ofensiva ideológica, em que se procura fazer-nos uma geração usada e desusada, desinformada, cansada, controlada.

Mas camaradas, contra a política e Governos de traição nacional em favor das classes dominantes, a juventude e o povo levantam-se e são quem realmente luta e defende os interesses do país! Prova disso é o grande conjunto de acções de luta que a juventude tem protagonizado em Portugal. Desde as lutas mais pequenas, mas de grande significado pelo alcance de vitórias, em escolas e locais de trabalho, até às grandes manifestações regionais e nacionais marcadas pelo movimento estudantil e pelos sindicatos de classe, a juventude portuguesa tem desempenhado um papel muito activo na luta. Também em inúmeras acções de solidariedade internacional e luta pela Paz, a juventude tem demonstrado a sua rejeição pelas guerras de rapina que o Imperialismo procura impor. Neste preciso momento está a decorrer em Portugal um grande acampamento nacional pela Paz, organizado pela Plataforma de comemoração do 40º aniversário da Revolução de Abril, que conta com cerca de 50 organizações juvenis, das quais a JCP faz parte. Este Acampamento está a reunir no Sul de Portugal centenas de jovens que, nas várias frentes de luta, seja no movimento associativo de base local, no movimento sindical, no movimento estudantil, no movimento pela Paz, em clubes desportivos e associações culturais, actuando das mais variadas formas, têm em comum a luta contra os ataques à Revolução de Abril e às suas conquistas, nomeadamente a luta pela Paz e contra o Imperialismo.

Camaradas,

No ano em que assinalamos os 100 anos da I Guerra Mundial, saibamos analisar o Imperialismo nas suas várias vertentes, saibamos unir, em cada país e também a nível internacional, na FMJD assim como noutros espaços, todos quantos, de uma forma ou de outra, lutam contra o Imperialismo. Saibamos também destacar as muitas vitórias que os povos têm conseguido ao longo destes últimos 100 anos, e olhemos para o exemplo da gloriosa vitória dos povos sobre o nazi-fascismo, de que iremos comemorar o 70º aniversário no próximo ano, como exemplo de que com a força da luta de massas, com a unidade anti-imperialista, com a solidariedade internacionalista, é possível derrubar mesmo os mais fortes inimigos, alcançar vitórias e abrir caminhos de Paz e progresso social!


Juventude Comunista Portuguesa
Ploufragan, França, 27 de Julho de 2014

(*) Seminário realizado no âmbito do 1º Acampamento de Jovens Anti-imperialistas da região Europa e América do Norte da FMJD, realizada em Ploufragan, França, nos dias 25 a 27 de Julho de 2014
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