A Juventude Comunista Portuguesa demonstra o seu mais vivo repúdio pelas
medidas do actual Governo no que diz respeito aos direitos e às condições
de vida dos trabalhadores, e em especial dos jovens.
Aquilo a que estamos a assistir por parte das forças capitalistas,
suportadas nas políticas neo-liberais do actual Executivo, é à
ofensiva mais violenta verificada depois da Revolução de Abril
contra os direitos fundamentais dos trabalhadores. Ofensiva ideológica
e de classe, que se reveste de um claro ataque à classe operária
e a todos os trabalhadores, que está presente transversalmente nas opções
políticas deste Governo e que pretende criar uma nova geração
sem direitos, completamente à mercê dos interesses do patronato
e do grande capital.
À promessa eleitoral de baixar os impostos, PSD e CDS-PP responderam
com o aumento do IVA, medida que atinge sobretudo os trabalhadores e quem tem
salários mais baixos.
Depois avançaram com a retirada do crédito bonificado, que era
já a única saída dos jovens portugueses para a aquisição
de habitação própria face aos baixos salários e
aos vínculos precários de trabalho, trazendo ainda mais dificuldades
para os jovens em início de vida e limitando a sua independência.
Sob a capa dos critérios de convergência, da redução
da despesa pública e do mítico défice zero quiseram passar
a ideia que era preciso apertar o cinto, fazer sacrifícios. Mas afinal
quem aperta o cinto. Pela prática deste Governo não são
com certeza os grandes grupos financeiros, que continuam alegremente a exploração
de milhares de trabalhadores e o aumento sistemático dos seus lucros
à conta de quem trabalha. Tanto assim é que os benefícios
fiscais são o que são mas em relação ao aumento
de salários, aí sim, é preciso contenção,
dizem.
No seguimento destas políticas somos confrontados com um claro ataque
ao Sistema Público de Segurança Social, com o objectivo de reduzir
as contribuições do patronato para a Segurança Social,
de caminhar no sentido da sua privatização e de acabar com a função
social da Segurança Social Pública, Universal e Solidária.
Continuaremos a lutar por um sistema de Segurança Social de todos e não
apenas de alguns.
Durante o Verão, momento escolhido com toda a oportunidade, é
lançado um pacote laboral sob o nome pomposo de Código do Trabalho.
Anunciado como um conjunto de medidas legislativas para regular as relações
de trabalho e aumentar a produtividade e a competitividade, mais não
é que uma autêntica declaração de guerra aos trabalhadores
e seus direitos.
Um dos principais objectivos do pacote laboral é abrir ainda mais as
brechas nos vínculos de trabalho, prosseguindo o que já houvera
sido iniciado com o Governo PS. De facto pretendem colocar os trabalhadores
e os jovens em particular numa situação clara de fragilidade e
subjugação aos interesses do patronato, eternizando os contratos
a prazo, colocando entraves à contratação colectiva, facilitando
as medidas para os despedimentos e restringindo direitos irrenunciáveis
dos trabalhadores como o direito à greve.
A questão da flexibilidade no horário de trabalho, já
anteriormente avançada pelo Governo PS, assume através do pacote
laboral apresentado pelo PSD/CDS-PP o claro objectivo de alargar o conceito
de horário nocturno, de fugir ao pagamento das horas extraordinárias,
de reformular o horário de trabalho pondo em causa as 8 horas diárias
e as 40 semanais, com todos os prejuízos que isso traz para a vida de
milhares de trabalhadores.
As Grandes Opções do Plano e mais recentemente o Orçamento
de Estado, são o reflexo destas ofensivas e espelham bem as intenções
do Governo. Ataques abertos aos direitos dos trabalhadores e dos jovens, prosseguimento
da fúria privatizadora iniciada pelo Governo PS, cortes orçamentais
gravíssimos em áreas fundamentais para o desenvolvimento do País,
crescente desresponsabilização do Estado em sectores estratégicos.
O cenário com que nos deparamos representa um retrocesso claro nos
direitos conquistados através da luta de milhares de trabalhadores ao
longo dos anos, constitui uma machadada brutal nas condições de
vida de milhares de jovens portugueses e nas suas aspirações.
Não queremos ser jovens trabalhadores deste século com direitos
do século XIX. Estamos com os trabalhadores e a juventude na luta pelos
seus direitos, vontades e aspirações. A resposta a dar para levar
de vencida esta ameaça é a luta. Luta por mais emprego e melhores
salários, contra a precariedade, por mais direitos para quem trabalha,
por uma segurança social pública, universal e solidária,
pela valorização do trabalho e pela concretização
dos interesses e aspirações da juventude.
A Comissão Política da Direcção Nacional da JCP
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