(este texto consta do panfleto que integra a campanha de início de ano lectivo 2004/05 da Organização do Superior Privado da JCP)
TRABALHADORES ESTUDANTES
Sem direitos no trabalho... e no estudo...
A desresponsabilização do Estado face aos trabalhadores-estudantes
traduz-se todos os anos no encerramento de cursos nocturnos no Ensino Superior
público. Os privados abrem cada vez mais cursos nocturnos, aproveitando-se
das dezenas de milhar que trabalham e estudam para aumentar o lucro. Muitas
escolas privadas e patrões recusam-se a aplicar o Estatuto do Trabalhador
Estudante, protegidas por um governo que retirou direitos aos trabalhadores-estudantes
(o pacote laboral retirou o acesso dos trabalhadores a recibos verdes ao estatuto,
retirou os dias de licença e as vésperas de exame, entre outros
direitos “apagados”).
A JCP DEFENDE E PROPÕE:
-o cumprimento do estatuto do trabalhador-estudante (na escola e na empresa)
e dos outros estatutos especiais, com reforço dos direitos destes estudantes
- a existência de cursos nocturnos no Ensino Superior público
PRIVADO: PARA MUITOS A ÚNICA OPÇÃO!
O ensino superior privado tem crescido desenfreadamente, devido à demissão
dos sucessivos governos de um papel regulador e de garantir o direito à
educação. Associada à privatização do ensino
e à sua elitização, a falta de investimento no sistema
público de ensino dá a milhares de estudantes por ano uma única
opção: o privado
O aumento das propinas no Ensino Superior público e a ineficácia
da acção social escolar, faz com que seja menos caro ingressar
numa escola privada do que pagar alojamento, alimentação, transportes,
propinas e outras despesas noutro local do país. A concentração
da oferta privada (mais de 90%) em Lisboa e Porto vive desta preversidade, gerada
pela falta de opções. A lógica do lucro impera, o que leva
à proliferação de cursos em áreas científicas
de ensino mais barato, mesmo que não existam saídas profissionais.
MAIS LUCRO, MENOS QUALIDADE!
Ou o dever de pagar por um direito...
A qualidade de ensino é muitas vezes esquecida. Trabalhadores precários,
poucos professores em dedicação exclusiva, salas e bibliotecas
insuficientes, equipamentos inadequados, e sobrelotação de muitas
escolas, conduzem a uma insuficiente formação dos estudantes.
A falta de qualidade de ensino e as formas de retenção artificial
fazem com que o estudante permaneça na escola aumentando o lucro. A principal
fonte de receitas das instituições privadas são os estudantes.
Na escola de Ensino Superior privado, o estudante PAGA a sua pré-inscrição,
(mesmo quando ainda não sabe se ficará a estudar nessa escola),
PAGA uma inscrição anual (cujo o valor é normalmente superior
ao da propina mensal), PAGA propinas mensais mesmo nos meses em que não
há aulas, PAGA actos de avaliação e certificados exorbitantemente.
Para além destas formas directas de financiamento, as instituições
privadas exercem a sua pressão no sentido de o Estado as financiar, não
para melhorar as dificuldades sentidas pelos estudantes, mas para aumentar o
lucro dos donos das instituições. Estes submetem os estudantes
a arbitrários e desmesurados aumentos de propinas, taxas e emolumentos,
sem quaisquer reflexos na melhoria das condições de ensino.
A JCP DEFENDE E PROPÕE:
- a existência de contrato entre o estudante e a instituição
que salvaguarde o estudante dos arbitrários aumentos de todos os anos,
e lhe garanta um ensino com um mínimo de qualidade
- a luta determinada contra aumentos arbitrários e desmesurados de propinas,
taxas e emolumentos
- o combate ao insucesso escolar, a avaliação pedagógica
dos docentes e a melhoria das condições materiais e humanas de
ensino
ACÇÃO SOCIAL: UMA MIRAGEM
A JCP considera a acção social escolar um instrumento indispensável
para a democratização do acesso e frequência a todos os
graus de ensino.
A acção social no Ensino Superior privado é apenas constituído
por um insuficiente número de bolsas de baixo valor. As cantinas, quando
existem, têm pouca capacidade e não têm preços sociais.
Poucas são também as residências a preços acessíveis
para os estudantes deslocados, e, quando existem, não privilegiam os
mais carenciados.
A JCP DEFENDE E PROPÕE:
- o alargamento do acesso a cantinas e residências a preços sociais
aos estudantes do Ensino Superior privado, enquanto este for a única
opção para muitos estudantes
- a atribuição de bolsas tendo em conta os custos reais de frequência
do ensino superior, sem atrasos nem condicionalismos ligados ao sucesso escolar
- a progressiva co- responsabilização das instituições
de Ensino Superior Privado pelos apoios directos e indirectos de acção
social escolar
DEMOCRATIZAR A GESTÃO, AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO!
No Ensino Superior Privado, os estudantes estão quase completamente arredados
da participação em órgãos que decidam sobre questões
pedagógicas e administrativas. A ditadura do lucro e dos donos das instituições
impõe-se também pelo impedimento à participação
democrática. Estruturas estudantis de vária índole (associações
de estudantes, núcleos, comissões) vêem a sua iniciativa
condicionada por administrações das escolas, tentando limitar
o direito dos estudantes de lutarem pelos seus direitos.
A JCP DEFENDE E PROPÕE:
- a participação dos estudantes em número igual (paridade)
com professores em todos os órgãos de gestão pedagógicos,
executivos e administrativos
- a valorização da participação estudantil nas associações
de estudantes, órgãos de gestão, núcleos e comissões
- o funcionamento democrático das estruturas estudantis sem condicionantes
JUNTA-TE À LUTA!
É a luta que eles temem! Participa!
A luta consequente e organizada é o instrumento mais poderoso para atingirmos
os nossos fins. Na escola ou na rua, a luta é o que eles mais temem.
Porque exige consciência, mobilização, organização.
Porque os estudantes envolvem-se, decidem, unem-se e combatem. E têm força.
Lutar pelos nossos direitos é também darmos um pouco mais de nós.
É participar e dignificar a participação estudantil na
escola, na turma, no núcleo, no órgão de gestão,
na associação de estudantes. É continuar a dar conteúdo
à história de combatividade do movimento estudantil, quando tentam
por todos os meios limitar a nossa acção, tirando-nos dos órgãos
de gestão ou atacando as associações de estudantes.
Com a participação de cada um, é possível a vitória
de todos!
A luta dos estudantes do Ensino Superior privado pelos seus direitos é
indissociável da luta de todos os estudantes. Da luta de todos pela gestão
democrática, pela acção social escolar, pelos direitos
dos trabalhadores estudantes, pelo aumento da qualidade de ensino, contra a
exploração dos estudantes do privado e a total elitização
e mercantilização do Ensino Superior.
DA LUTA PELO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE! PARA TODOS!
JCP: O SONHO TEM PARTIDO!
Numa sociedade em que nos tentam impor valores como o individualismo e a competição
desenfreada, a Juventude Comunista Portuguesa, organização revolucionária
da juventude, trabalha e luta organizadamente por uma nova sociedade, mais justa
e solidária, sem exploradores nem explorados, em que seja possível
a concretização dos direitos e das aspirações da
juventude. Em que a vida tenha os mais vastos horizontes da realização
individual e colectiva: o Socialismo e o Comunismo.
AO SONHO DE CONSTRUÇÃO DUMA NOVA SOCIEDADE, MUITOS CHAMAM UTOPIA.
NÓS CHAMAMOS FUTURO. MAS NÃO BASTA CONFIAR NO FUTURO, É
PRECISO CONSTRUÍ-LO AGORA, COM A NOSSA ACÇÃO E INTERVENÇÃO
DIÁRIA, NA LUTA POR UMA VERDADEIRA TRANSFORMAÇÃO, PORQUE
TRANSFORMAR É POSSÍVEL!
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