A Direcção Central do Ensino Superior (DCES) da JCP, reunida em
2 e 3 de Outubro de 2004, repudia as ofensivas governamentais contra os estudantes
e a educação A JCP afirma-se na luta pela efectiva democratização
da educação, direito humano, universal, não obstante, vítima
da fúria privatizadora da maioria governamental que introduziu um pacote
legislativo onde se incluem:
- A Lei de Financiamento do Ensino Superior, que, com os brutais aumentos de
propinas, acentua a elitização da frequência do Ensino Superior
consequente do afunilamento do capital humano cuja condição sócio-económica
permita o acesso ao mesmo e o agudizar, no contexto nacional, das assimetrias
sócio-económicas daí decorrentes; introduzindo ainda o
sistema de prescrições que, responsabiliza exclusivamente o estudante
pelo insucesso escolar e penaliza sobretudo os trabalhadores-estudantes, que,
trabalhando para sustentar a sua frequência no Ensino Superior, vêem
o seu estatuto desrespeitado por patrões e aparelho escolar
- As propostas de Lei de Autonomia, quer da maioria governamental, quer do PS
, que atentam contra a gestão democrática e a representação,
em paridade com os professores, dos estudantes nos órgãos de gestão
da escolas, transformando os estudantes em "ornamentos decorativos"
dos órgãos que decidem sobre os assuntos que também a eles
dizem respeito, e abrindo as portas de decisões estratégicas das
escolas à governamentalização e aos obscuros grandes interesses
económicos
Este governo, prosseguindo o caminho iniciado pelo PS, com a conivência
deste e do BE, tenta ainda impor um Processo de Bolonha que, contrariando ilusões,
e sem respeitar a soberania nacional sobre a educação, se saldaria
por um desmantelamento das características fundamentais do Ensino Superior
Português de modo a criar um ensino que respondesse apenas às necessidades
imediatas de produção por parte do grande capital europeu, lançando
quadros menos formados, mais baratos e maleáveis no mercado de trabalho.
A JCP repudia o Processo de Bolonha, sobretudo no aspecto basilar de instrumento
da direita para impor um sistema em que o Estado garantisse apenas o financiamento
de menos formação, tendo os estudantes que pagar integralmente
um segundo ciclo de dois anos.
A luta pelos mais fundamentais direitos dos estudantes, pela escola pública,
gratuita, de qualidade e para todos é, cada vez mais, uma luta pela democracia,
uma luta da qual os jovens comunistas não abdicam, jamais. Porque a luta
por esses direitos passa sobretudo pela consciencialização de
quem deles usufrui - os estudantes; a JCP tem já na rua a campanha nacional
de início de ano lectivo "Fora com as propinas! Rua com o governo!"
da qual fazem parte um MUPI, um cartaz, um documento e um postal/abaixo assinado
a serem divulgados pelos colectivos de escola de todo o país.
Esta luta é também, no plano imediato, contra a política
deste governo de direita para o Ensino Superior, colocando como elemento central
derrotar e terminar com este governo e esta política tão cedo
quanto possível, e abrir caminho a uma nova política que vá
de encontro aos anseios e aspirações dos estudantes, jovens e
portugueses em geral.
A JCP solidariza-se com os estudantes do Ensino Superior e com a sua luta,
apelando à mobilização dos estudantes do Ensino Superior
para a manifestação de 4 de Novembro em Lisboa, agendada em ENDA
por AAEE de todo o país, pela revogação deste pacote legislativo,
e ainda com as iniciativas de luta que sirvam estes objectivos e que sejam entretanto
marcadas.
A Direcção Central do Ensino Superior da JCP |