| | | | | |
A juventude democrática mundial institucionalizou a sua unidade de acção em Novembro de 1945, ao fundar a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD). Contudo, a amizade e a cooperação fora forjada durante a II Grande Guerra. Fora a luta sem tréguas contra o nazi fascismo que unira os jovens dos cinco continentes. A onda de esperança que representou a vitória das forças da paz e do progresso permitiu às novas gerações sonhar e construir um futuro melhor.
Durante o conflito foi criado o Conselho Mundial da Juventude (Novembro de 1942), que organizou a juventude ate à vitoria sobre o fascismo. Os jovens participaram na reconstrução das zonas devastadas, em colectas de medicamentos e outros bens para a frente e para os sinistrados, no serviço dos hospitais e enfermarias, nos centros de acolhimento a prisioneiros
A unidade das organizações juvenis progressistas dos cinco continentes, federadas a partir de 1945, contribuiu de forma inequívoca para a ampliação da participação activa da juventude democrática. A Federação desempenhou um papel percursor no aprofundamento e reforço da cooperação entre os diversos organismos mundiais da juventude, pela sua política e acção, que exprimiu sempre as aspirações comuns dos jovens de todo o mundo. Esta política terá contribuído para que se passasse da fase do diálogo à cooperação concreta e acção comum.
Ao longo dos seus 60 anos de história a FMJD teve como principal objectivo e missão, unir e organizar a juventude em várias frentes: contra a guerra, pela paz e o desarmamento; contra o fascismo e todas as formas de opressão, pelas liberdades democráticas; contra o colonialismo, o neo-colonialismo e o imperialismo, pela independência nacional, a emancipação e a autodeterminação dos povos; contra a dominação monopolista e a exploração capitalista, pelos direitos económicos e sociais da juventude. As organizações membros consideraram sempre as diferentes frentes de combate interligadas e indissociáveis.
Os resultados desta cooperação foram notáveis, nomeadamente nas campanhas de solidariedade para com os povos vítimas de agressão imperialista: na preparação dos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes (FMJE); na publicação da Juventude do Mundo e da Noticias da FMJD, que se tornaram verdadeiros fóruns mundiais da juventude, entre outras publicações especializadas; na organização conjunta de seminários, conferencias, delegações, comícios, manifestações, entre outras realizações.
A FMJD, durante um período da sua historia, incorporou órgãos autónomos, federando organizações de crianças (Comité Internacional dos Movimentos de Crianças e Adolescentes - CIMEA), de turismo (Bureau Internacional para o Turismo e os Intercâmbios da Juventude - BITEJ) e de solidariedade internacional (Serviço Internacional Voluntário para a Solidariedade e a Amizade da Juventude - SIVSAJ).
A FMJD foi fundada no rescaldo do maior conflito armado da historia da humanidade. A paz e a amizade entre os povos não foi apenas objectivo primordial da organização, esta aspiração foi factor determinante para o nascimento da mesma. Assinado o armistício e derrotada a besta nazi, a juventude olhava o futuro com olhos esperançosos, mas vigilantes.
A geração fundadora da FMJD, após a sua vitoria sobre o fascismo, teve a preocupação de garantir que as novas gerações não viveriam a mesma humilhação. Desde 1945 que a Federação teve como objectivo consciencializar a juventude para os ideais da liberdade. As garantias democráticas foram sempre consideradas um aspecto essencial da luta pela paz e contra todas as formas de dominação.
Derrotado o totalitarismo alemão e japonês, o fascismo ainda sobrevivia em alguns países da Europa, assim como nos países colonizados e dependentes, em que a repressão era levada a cabo pelas potencias imperialistas ou por governos fantoches por estas apoiados.
O fascismo apresentava-se à juventude democrática do pós-guerra como a face mais negra da politica de exploração e dominação que orientava os governos das democracias burguesas, condenando à humilhação e ao sofrimento grande parte da humanidade.
A FMJD, desde 1945, promoveu a solidariedade internacional para com a juventude em luta contra o fascismo, o colonialismo e o imperialismo, seguindo esta orientação durante os 60 anos que se seguiram.
A defesa dos direitos socio-económicos da juventude teve um papel destacado no combate da Federação. A luta reivindicativa foi considerada ao longo de toda a historia da organização como indissociável da luta anti-imperialista e pela paz. O destino e o bem estar da juventude esteve sempre subordinado à política belicista e opressora, enquanto que o desenvolvimento da luta por melhores condições de vida punha em causa os planos de guerra e dominação.
Na data da sua fundação, a FMJD distinguia diferentes realidades económico-sociais e culturais que coexistiam no mundo da época, procurando analisar as dificuldades e as soluções para a defesa dos direitos da juventude. A FMJD incluía no seu seio jovens progressistas e anti-imperialistas oriundos dos países com sistemas capitalistas que oprimiam e ocupavam outros povos, também de países socialistas e de países que estavam sob o jugo colonialista onde ainda viviam 160 milhões de pessoas sob formas de exploração e discriminação arcaicas.
***
Hoje, 60 anos depois da criação da FMJD, que se assinala a 10 de Novembro, a JCP comemora entusiasticamente este aniversário e pretende divulgar aos jovens portugueses a história e a luta, o presente e o futuro da organização anti-imperialista do movimento juvenil internacional. Hoje, o desenvolvimento da acção da FMJD é notório e o seu reforço evidente – o sucesso recente do XVI Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, na Venezuela, é um exemplo de que o carácter anti-imperialista do movimento juvenil reforça-se, e que a FMJD tem neste um papel dinamizador preponderante.
Neste momento, a JCP preside a FMJD. | | |
|
|
|
| |
No período do imediato pós-guerra, a FMJD denunciou a intenção
americana de domínio sobre o mundo através da submissão
dos países abrangidos pelo Plano Marshall aos seus interesses militares,
da criação de blocos e instalação de bases
militares em inúmeros países. Não restavam duvidas,
todavia, que a juventude, e os povos de todo o mundo, ansiavam pela paz
e o progresso, ainda que os governos de vários países prosseguissem
uma politica belicista.
A organização considerava que a principal missão
da juventude era contrariar a política imperialista de preparação
da guerra, que se traduzia na propaganda militarista ou nas declarações
dos chefes de estado maior dos EUA e seus aliados, sobre a estratégia
a adoptar para o próximo conflito, em que elegiam abertamente a
URSS como o inimigo.
Analisando a conjuntura mundial, afirmava que a guerra surgia para os
imperialistas como uma solução desesperada contra o avanço
das forças democráticas no mundo e para a sua própria
crise económica.
No inicio dos anos 50, o movimento mundial da paz tomou proporções
imensas, consciencializando vastas massas de pessoas do perigo de uma
nova guerra, da necessidade de agir contra esta ameaça, e da possibilidade
de a vencer através da unidade. Desde o primeiro momento, a juventude
democrática compreendeu quais eram as forças interessadas
em manter e instigar os conflitos – na Coreia, na Indochina, no
Médio Oriente, na Malásia, nas Filipinas, ou mesmo na Alemanha
– e que interesses obscuros defendiam os partidários da guerra
e dos grupos económicos envolvidos.
A FMJD contribuiu para o sucesso do Congresso Mundial da
Paz e do Congresso dos Povos pela Paz, que envolveram milhares de activistas,
estabelecendo os princípios de uma solução pacifica
para a situação internacional. Proliferavam os Comités
da Juventude pela Paz, e em muitos países os Comités do
Festival desempenhavam o papel de unir os jovens na luta contra a ameaça
de uma nova guerra. Milhões de assinaturas foram recolhidas para
o Apelo de Estocolmo visando a proibição de bombas atómicas.
Ao longo desta década, as organizações da juventude,
lideradas pela FMJD, elegeram a proibição das bombas atómicas
e o desarmamento como objectivos primordiais. Neste período, a
ameaça de uma nova guerra entre dois blocos militares ensombrava
o futuro. A FMJD procurou que, sem excepção, todas as organizações
da juventude apoiassem em uníssono as iniciativas tendentes a obter
dos governos de todos os
países medidas para o fim das experiências atómicas
e termonucleares e pressionassem a subcomissão para o desarmamento
da ONU para que interviesse nesse sentido.
“A juventude não voltará a ser desperdiçada
na guerra!”
Nos anos 60, a Federação denunciou a inflexibilidade dos
EUA em estabelecer acordos para o desarmamento, não obstante as
propostas da URSS e dos (países neutrais), que apontavam no sentido
contrario. As forcas do imperialismo impediam, ainda, soluções
pacíficas para os problemas herdados da segunda guerra mundial,
nomeadamente o Alemão e o japonês. A FMJD denunciou sempre
a perigosa situação vivida no centro da Europa, defendendo
que a solução do problema alemão era decisiva para
terminar a guerra-fria e para a coexistência pacifica.
Para além desta ameaça para a Paz, viviam-se outras situações
de tensão, entre as mais graves contavam-se: a ocupação
americana do Vietname do Sul, da Coreia do Sul e de Taiwan; a aliança
militar entre os militaristas japoneses e os EUA; os entraves criados
à admissão da Republica Popular da China na ONU; a guerra
colonial portuguesa; as intimidações, ameaças e acções
contra o povo cubano.
O desarmamento geral, absoluto e controlado persistia o objectivo essencial
da luta da juventude. A propaganda belicista procurava fazer crer que
quanto maior fosse o arsenal
de guerra, menor era a possibilidade de estalar um conflito mundial. A
FMJD defendia que a corrida ao armamento sempre conduziria à guerra
e nunca à paz.
No inicio dos anos 70, os EUA em todos os continentes, impeliam os seus
aliados para agressões e provocações – o expansionismo
israelita, o governo fantoche sul-coreano, os golpes militares e as ditaduras
sul-americanas - intervindo quando necessário com as suas próprias
Forças Armadas.
Contudo, os partidários da Paz conquistaram grandes êxitos
ao longo da década: a luta pela retirada da NATO em muitos países
da Europa tomava proporções significativas; o acordo estabelecido
entre a URSS e a RFA e a admissão da RDA na ONU enfraquecera as
forcas revanchistas da Alemanha Ocidental; o povo vietnamita derrotara
o mais poderoso exercito do mundo e em toda a Indochina as forcas imperialistas
eram obrigadas a recuar; o isolamento americano na sua política
agressiva contra Cuba: a queda do fascismo na Europa - em Espanha, Grécia
e Portugal - e a extinção do último sistema colonial
em África significavam grandes avanços na luta pela a paz
e na cooperação entre os povos.
A FMJD lutou activamente e manteve o seu papel cimeiro na mobilização
da juventude na condenação das políticas imperialistas
e na exigência de soluções pacíficas para todos
os conflitos. Organizou múltiplas iniciativas de solidariedade
política e material para com os países vitimas de agressão,
com especial destaque para a Palestina. Promoveu e participou em inúmeros
encontros, conferências e outras actividades com vista à
supressão do armamento nuclear, o desarmamento e o desanuviamento
internacional.
“Age agora pelo Desarmamento!”
No inicio dos anos 80, o movimento popular e juvenil pela Paz e o desarmamento
desenvolvia-se contra o aventureirismo militar dos círculos imperialistas.
A alegada “ameaça soviética” foi a justificação
para o gigantesco programa de armamento levado a cabo pela administração
norte-americana, presidida por Ronald Reagan. Os seus propósitos
de substituir a política de desanuviamento por uma agressão
em larga escala, estavam patentes nos planos de uma “guerra nuclear
limitada”. Os desenvolvimentos mais
perigosos foram decididos na reunião da NATO em Bruxelas –
Dezembro de 1979 – concernentes ao estabelecimento de 573 mísseis
nucleares americanos de médio alcance, Pershing II, e mísseis
cruzeiro, em alguns países da Europa Ocidental, a alguns minutos
dos seus alvos soviéticos.
A FMJD deu o seu apoio às propostas da URSS, que procurava dar
uma solução positiva às negociações
sobre o desarmamento, através da redução substancial
dos mísseis de médio alcance em ambas as partes da Europa,
assim como às propostas relativas à real limitação
e redução das armas estratégicas e opôs-se
às propostas dos EUA, que procuravam meios para disfarçar
a sua corrida ao armamento. A juventude esteve massivamente empenhada
no largo movimento que se elevou contra o estabelecimento de mísseis
americanos na Europa. Milhares de jovens participaram em acampamentos,
em concertos, em acções contra as bases militares e nucleares
da NATO, em greves e manifestações, semanas da educação
pela paz realizadas nas escolas e universidades, com larga participação
dos sindicatos, entre outras iniciativas. Uma onda de apelos à
paz foi lançados por artistas, escritores, padres ou desportistas.
As organizações membro da FMJD estiveram entre os promotores
e os mais empenhados organizadores do movimento.
A FMJD manteve a sua cooperação com a ONU e os seus corpos
especializados, com o Comité de ONG’s para o desarmamento,
assim como com o Conselho Mundial da Paz e o Comité para a Segurança
e a Cooperação Europeia.
A FMJD manteve sempre a sua posição pacifista, de recusa
absoluta da corrida ao armamento. Lutou sempre para que toda a juventude,
independentemente das suas convicções políticas,
ideológicas, filosóficas e religiosas, organizasse acções
conjuntas ao nível nacional, regional e internacional, tendentes
a assegurar a paz mundial.
Apontou sempre como o responsável pela tensão internacional
e a insegurança o imperialismo e a sua política de confrontação,
manifesta na corrida ao armamento, em particular nuclear, na ofensiva
generalizada de dominação económica, interferência,
intervenção e agressão.
“O Mundo precisa de Paz e Segurança e precisa
agora!”
No inicio da década de 90, a FMJD continuava a eleger as actividades
tendentes à procura de soluções para os problemas
da segurança mundial a sua principal prioridade. A ameaça
nuclear e a corrida ao armamento mantinham-se as principais preocupações
das jovens gerações.
Com o colapso da URSS, os EUA tornaram-se uma potência militar dominante,
intensificando o uso das suas forças armadas na defesa dos seus
interesses económicos ao nível mundial. A insegurança
determinada pela política imperialista, passou a revelar-se através
de fenómenos regionais, como foi o caso da guerra na Ex-Jugoslavia.
A FMJD, porém, manteve o seu irredutível combate pela resolução
política dos conflitos, pela dissolução das alianças
militares, pela conversão da industria de guerra em industria de
paz ao serviço dos povos.
Desmascarou as manobras americanas subjacentes ao Tratado de Não-Proliferação
Nuclear, que tinha como objectivo, não a redução
de armas nucleares mas a sua monopolização. Elegeu, igualmente,
como seu inimigo o comércio de armamento, culpando os EUA e a Europa,
principais produtores de armamento, de fomentarem os conflitos regionais,
que em 1995 adquiriam 75% das armas comercializadas por ano.
Ao longo da ultima década, a FMJD mobilizou a juventude contra
as agressões ilegítimas dos EUA e de seus Aliados contra
a Jugoslávia ou o Iraque; propôs a adaptação
das estruturas das Nações Unidas e principalmente do Conselho
de Segurança com vista à sua transformação
num instrumento democrático e representativo, adaptado às
novas realidades mundiais; apelou para o desenvolvimento da capacidade
das NU de prevenirem conflitos; apoiou a Declaração de Hiroshima,
pela abolição das armas nucleares, assim como participou
na organização das campanhas e acções contra
o bombardeamento atómico dessa cidade e de Nagazaki; defendeu que
a monitorização do comercio de armas deve ser assegurada
pelas NU.
No limiar do século XXI, a juventude democrática e pacifista
confronta-se com a hegemonia unilateral dos Estados Unidos, constituindo
a principal ameaça para a Paz mundial. No entanto, o intervencionismo
tem enfrentado a resistência dos povos.
A juventude, em particular, não aceita a construção
de uma “nova ordem” internacional, baseada na ingerência
e na opressão, mediante a estratégia do designado “ataque
preventivo”.
A FMJD e as suas organizações colocaram-se, mais uma vez,
na frente da batalha contra as guerras e ocupações no Afeganistão
e no Iraque. Procurou e foi determinante para desenvolver a solidariedade
internacional, para criar uma nova ordem mundial justa.
A nova ordem mundial que verdadeiramente serve os interesses da juventude,
reside na Paz, no respeito pela determinação nacional, a
igualdade entre os estados soberanos, a solução dos conflitos
por meios pacíficos, sem permitir a dominação unilateralista
de nenhuma nação.
| | |
|
| | | |
Contra todas as formas de opressão!
Nos finais dos anos 40 e na década de 50, a promoção
de uma máquina de guerra capaz de ameaçar as republicas
socialistas e as democracias populares, serviu de pretexto para as potências
imperialistas prosseguirem a sua política. Esta consistia na promoção
de agentes fascistas nas democracias burguesas europeias e o apoio dos
regimes deliberadamente fascistas grego, espanhol e português, bem
como a tentativa de impedir a organização democrática
das massas em todo o mundo, através do suporte de todos os regimes
autoritários subsistentes na América Latina, em África,
na Ásia e no Médio Oriente. Implicava, ainda, guerras coloniais
contra os povos em luta pela sua libertação, como o vietnamita,
o malaio, o birmanês ou o indonésio, e o apoio prestado aos
elementos mais reaccionários e provocadores, promovendo conflitos,
como aconteceu na Coreia ou na China.
A FMJD procurou generalizar e coordenar as manifestações
de solidariedade, concretizadas no apoio político, na ajuda material
e na mobilização da opinião publica a favor da luta
dos povos vitimas de opressão na Europa.
A Federação teve ainda como aspiração contribuir
para a autodeterminação dos povos, lutando contra o colonialismo
e a exploração desumana dos jovens e crianças dos
países ocupados. Nesse sentido empreendeu todos os esforços
para promover o reforço das organizações democráticas
desses territórios, assim como a sua aproximação
e cooperação. A união dos povos era considerada determinante,
uma vez que uma das estratégias do imperialismo, nesta área
em particular, era a divisão e a desunião dos povos explorados.
Esta estratégia conquistou êxitos, destacando-se o exemplo
da guerra provocada na Palestina entre árabes e israelitas.
A FMJD teve um papel determinante no esclarecimento das verdadeiras intenções
imperialistas junto da juventude. Nos primeiros anos da sua existência
denunciou implacavelmente as suas manobras, o apoio dado ao regime fascista
da Coreia do Sul, aos grupos neo-nazis de Berlim Oeste, ao regime nacionalista
de Tchang-Kai-Tchek na China.
As iniciativas e actividades da FMJD rumo à unidade da juventude
na luta pela democracia, a liberdade e a independência multiplicaram-se
na decada de 50: a organização de diversas celebrações
tornaram-se tradicionais, tais como o dia anti-colonialista a 21 de Fevereiro,
o dia de solidariedade com os espanhóis anti-franquistas a 14 de
Abril; o envio de delegações aos países vitimas e
a denuncia dos crimes dos colonizadores e ocupantes; a variedade de publicações,
começando pela Juventude do Mundo, chegando a ser traduzida em
10 línguas, um forum que reflectia cada vez maior a unidade da
juventude democrática contra todas as formas de opressão.
Pela unidade e a vitoria do movimento de libertação
nacional!
O armistício na Coreia e no Vietname, a conferencia de Bandoeng,
que representou a união dos povos
dos continentes Africano e Asiático na luta pela sua autodeterminação,
a independência conquistada por diversos países, como o Gana,
a Tunísia ou Marrocos, reforçou a determinação
da juventude.
A FMJD fez seus os princípios de Bandoeng – “liquidar
a herança do colonialismo, transformar as suas pátrias em
países modernos e avançados, viver em paz com todos os povos
sem nenhuma discriminação.” – mantendo o apoio
que sempre deu à obra da juventude africana e asiática.
O nascimento de novos estados independentes foi um traço característico
das décadas de 50 e 60. A FMJD desempenhou um papel significativo,
na denúncia das novas formas de dominação engendradas
pelas potências imperialistas, confrontadas com o vigor do movimento
de libertação nacional nas antigas colónias. A chantagem
presente nas condições políticas exigidas em troca
da ajuda económica, tal como os pactos militares, procuravam limitar
a independência nacional dos antigos territórios coloniais.
As consequências desta política foram a liquidação
das liberdades e a imposição de ditaduras militares anti-populares
em muitos países.
A Federação apoiou a juventude dos países coloniais
e dependentes pela conquista da independência nacional completa,
pela independência económica, pela participação
dos povos na edificação nacional, assim como a acção
dos jovens de todo o mundo solidários na luta anti-colonialista
e anti-imperialista.
A década de 60 foi uma década de esperança para os
combatentes anti-colonialistas e anti-imperialistas. Cuba e Argélia
simbolizavam o recuo do imperialismo onde este estava mais enraizado,
a América Latina, e do colonialismo, onde este era dominante, em
África.
Estas vitorias, contudo, eram fruto da dura e por vezes sangrenta luta
dos povos contra o colonialismo e o imperialismo. O recuo destas forças
era resultado do sacrifício de milhares de jovens - na Coreia do
Sul e na Turquia pela liberdade e libertação nacional, em
Itália na luta anti-fascista de Julho de 1960, em Franca, no 8
de Fevereiro pela paz e a liberdade, na Argélia e em Angola nas
guerras anti-coloniais, em Portugal contra o fascismo, no Laos e no Vietname
do Sul contra a intervenção americana, na Venezuela contra
o regime antidemocrático imposto pelo imperialismo, em Cuba na
batalha da Praia Giron, etc.
A FMJD apoiou a luta dos povos e da juventude pela libertação
e independência, desenvolvendo diferentes actividades de solidariedade,
apoiando todas as acções em prol do movimento juvenil, à
escala nacional, regional e internacional, procurando coordenar a acção
conjunta das organizações africanas, asiáticas e
latino-americanas.
A manifestação do 24 de Abril, contra o colonialismo, era
um dos melhores exemplos de uma iniciativa mundial organizada pela FMJD.
Não era apenas uma demonstração de apoio político,
mas também uma acção de solidariedade concreta, mediante
a colecta de ajuda e material para os países em luta. Em 1954,
a organização criou o Fundo Internacional de Solidariedade
(FIS) destinado ao apoio ao movimento de libertação, aos
países recém-independentes empenhados no desenvolvimento
do seu país.
A liquidação do sistema colonial, a conquista e salvaguarda
da independência nacional, a obstaculização do neo-colonialismo,
da intervenção e agressão imperialista, contra os
pactos e as bases militares, a reconstrução nacional, a
unidade e a vitoria do movimento de libertação nacional,
tornaram-se prioridades para a FMJD.
Estreitar a unidade anti-imperialista da juventude
A década de 60 foi um período de grande esperança
para os pacifistas. Nos países capitalistas as forças progressistas
e democráticas alcançaram grandes êxitos no seu combate
aos monopólios, pela liberdade e pela Paz. Em muitos destes países
foi possível estabelecer a unidade entre estas forças. Os
imperialistas, e em especial os EUA, assistindo ao recuo das suas posições
no interior dos seus próprios países, lançaram-se
em aventuras e provocações cada vez mais perigosas, nomeadamente
pela intensificação das agressões contra o Vietname.
A luta heróica do povo Vietnamita pela sua libertação
marcou determinantemente a acção da organização
na segunda metade da década e também o movimento juvenil,
e todos os movimentos progressistas. A VII Assembleia das Organizações-Membro,
realizada em 1966, elaborou um programa de acção, no sentido
de criar uma plataforma política que tinha como objectivo organizar
uma vaga de protestos contra a agressão norte-americana, que se
iniciou com a Conferencia Internacional de Solidariedade dos Jovens e
dos Estudantes para com o povo vietnamita e que se prolongaria ate ao
armistício, através de múltiplas iniciativas e actividades,
garantindo o apoio da juventude do mundo inteiro à sua causa.
A opinião publica mundial, liderada pela juventude, condenou esta
guerra injusta. A FMJD teve um papel determinante ao denunciar os crimes
cometidos pelo exército americano contra o povo vietnamita, através
de iniciativas como a organização de uma delegação
de sobreviventes dos massacres de Song My e de Ba Lang, que visitou dezenas
de países.
Embora o Vietname se tenha transformado no símbolo da resistência
anti-imperialista durante aquele período, a Federação
não negligenciou a luta de libertação dos outros
povos: na Indochina, ocupados militarmente; dos jovens latino-americanos,
que lutavam contra a interferência e o intervencionismo nos seus
países, e a manutenção de regimes fascistas no continente;
dos povos africanos contra os golpes de estado militares, a guerra colonial
portuguesa e o regime racista e fascista de África do Sul; finalmente,
dos povos do Médio Oriente, os que procuravam reconstruir os seus
países através da implantação de regimes socialistas,
a Republica Árabe Unida (RAU), a Síria, a Arábia
do Sul, o Aden e os protectorados, tornando-se alvos preferenciais do
imperialismo, mas, em particular, o palestiniano, vítima da política
imperialista do protectorado americano – Israel.
O combate da FMJD era direccionado contra o imperialismo mobilizando todas
as organizações juvenis para que exigissem o fim da ocupação,
intervenção, interferência e ingerência.
A juventude acusa o imperialismo!
Os anos 70 constituíram um período favorável às
forcas anti-imperialistas. Perante as revoluções socialistas,
os movimentos de libertação nacional vitoriosos, a queda
dos regimes fascistas europeus, o crescimento e fortalecimento das organizações
de trabalhadores, os EUA – potência imperialista hegemónica
– moveu todas as suas forcas e incitou todos os seus aliados para
provocações e agressões, apoiando todas as formas
de ditadura e opressão.
O caso de Israel foi paradigmático. Os EUA mobilizaram um verdadeiro
arsenal bélico para suportar a sua política racista e expansionista.
Este apoio, estava inserido na sua política neo-colonialista para
a região, cujo domínio era fundamental para os monopólios
ligados à exploração do petróleo.
Para defender os seus interesses no Sudeste Asiático, os EUA ocupavam
a Coreia do Sul; para garantir o seu domínio na América
Latina procuravam isolar Cuba socialista, e reprimiam as forças
democráticas em todo o continente; para não perder o acesso
aos recursos naturais e humanos africanos apoiavam a guerra colonial portuguesa
e os regimes fascistas da Rodésia e de África do Sul.
O objectivo principal da FMJD era, na conjuntura da época, a unidade
das diferentes frentes de combate ao imperialismo, encorajando a expressão
conjunta de todas as forças, a unidade das organizações
juvenis e a sua cooperação com as restantes forças
progressistas. O seu papel, naquele período em que as frentes se
multiplicavam, em que o movimento juvenil tendia a tomar realmente uma
escala mundial e novas camadas da população cerravam fileiras
contra o inimigo comum – o imperialismo –, a Federação
tinha uma responsabilidade acrescida.
Na década de 70, a FMJD consagrou os seus maiores esforços
ao desenvolvimento de acções comuns em solidariedade com
a luta da juventude e dos povos da Indochina, do Chile, do Médio
Oriente e de África pela sua libertação. As iniciativas
haviam ganho um carácter de massas e uma diversidade, que marcaram
todo este período da historia da Federação.
Em Setembro de 1971, foi realizado, em Santiago do Chile, o Encontro Latino-Americano
em Solidariedade com os povos do Vietname, do Laos e do Cambodja e, em
Outubro de 1972, realizou-se em Paris, o Encontro da Juventude e dos Estudantes,
sob o lema “Vietname, Indochina, vitoria sem um minuto a perder”.
No X FMJE, em 1973, foi lançada pela Federação a
“Campanha Mundial de Acção da Juventude pela Vitória
Final dos Povos do Vietname, do Laos e do Cambodja”. No âmbito
desta campanha, a juventude contribuiu para a construção
do hospital Nguyen Van Troi na Republica Democrática do Vietname.
A solidariedade política da FMJD para com os povos árabes
em luta contra a agressão e ocupação israelitas traduziu-se:
no envio de delegações aos territórios árabes
ocupados, com o objectivo de dar a conhecer ao mundo os crimes dos sionistas;
numa campanha de propaganda e informação, mobilizando a
juventude para exigir a retirada das tropas israelitas dos territórios
ocupados depois de 1967; na solidariedade e aprofundamento das relações
com o único representante legitimo do povo palestiniano, a OLP.
Desde o primeiro dia, interpretando a vontade de milhões de jovens
no mundo inteiro, a FMJD organizou uma vasta campanha de solidariedade
para com o povo chileno, através de múltiplas iniciativas
tendentes a isolar a junta fascista militar no terreno internacional.
As campanhas e as diferentes acções levadas a cabo pela
FMJD em solidariedade para com a juventude e os povos de Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo-Verde e S. Tome e Príncipe, constituíram
uma prestação considerável à causa da independência
nacional, para a reconstrução das áreas devastadas
pela guerra, contra todos os ataques dos regimes colonialistas, imperialistas
e racistas, e para a soberania nacional destes povos.
A FMJD reiterou repetidamente a sua solidariedade para com as forças
democratas e progressistas que derrotaram o fascismo na Grécia,
em Espanha e em Portugal, assim como continuou a apoiar os povos vítimas
dos resquícios de fascismo no planeta, nomeadamente na América
Latina e em África, onde surgia associada a discriminação
racial.
A Solidariedade ajuda a Vencer!
Na passagem da década de 70 para a de 80, a FMJD observava um
crescimento sem precedentes do movimento anti-imperialista, determinando
grandes vitórias contra o colonialismo, o neo-colonialismo, o fascismo,
o neo-fascismo, o racismo, o apartheid, o imperialismo e a sua política
agressiva, opressiva e exploradora.
Vietname, Kampuchea, Laos, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau,
Cabo-Verde, S. Tome e Príncipe, Etiópia, Zimbabué,
Irão, Afeganistão, PRD do Yemen, Nicarágua, Grenada
– contavam-se entre as derrotas do imperialismo naquele período.
A situação era desfavorável mesmo nos sítios
onde pela força das armas, do dinheiro e do terror, mantinha o
poder. Os “amigos privilegiados” do imperialismo eram os governos
mais reaccionários do mundo, os agressores sionistas, os racistas
sul-africanos, os fascistas em El Salvador, no Chile e noutros países
da América Latina.
Para além disso, o imperialismo enfrentava o esforço determinado
da grande maioria dos povos independentes no combate à política
neo-colonialista, com o objectivo de evitar a exploração
dos seus recursos naturais e humanos pelas transnacionais e garantir o
sucesso de uma nova ordem económica internacional (NOEI) mais justa
e equitativa.
Os países que se haviam libertado do jugo colonialista continuavam
a enfrentar o problema do subdesenvolvimento económico que ameaçava
a sua soberania e independência. A Federação considerava
e defendia que este problema apenas seria solucionado através de
profundas transformações nas relações económicas
internacionais dos países afectados. A luta anti-imperialista tinha
estabelecido uma nova meta – a NOEI – tendente a liquidar
a dominação monopolista.
A FMJD deu uma particular atenção a esta causa, empreendendo
todos os esforços para mobilizar e organizar a juventude democrática
e progressista nas actividades relacionadas com a mesma. Estas actividades
aprofundaram o conhecimento, por parte da juventude, da realidade económica
internacional, das injustas relações que determinavam a
dominação e a exploração dos países
sub-desenvolvidos por parte das grandes potências imperialistas.
Contribuíram, principalmente, para consciencializar os jovens dos
países em desenvolvimento para a necessidade de construir uma nova
sociedade.
Para alem disso, a organização desenvolveu acções
de solidariedade concreta, em colaboração com as suas organizações-membro,
tais como brigadas, campanhas de colecta de fundos, assistência
material, solidariedade para com a juventude e os povos vítimas
de agressões e provocações do imperialismo, do Sionismo,
do racismo, do apartheid e do terrorismo de estado.
Na década de 80, indignaram e mobilizaram particularmente a juventude,
a manutenção de um regime como o apartheid e a tentativa
de subversão da jovem revolução sandinista na Nicarágua.
A FMJD, traduzindo as suas aspirações, organizou as campanhas
“Mãos fora da Nicarágua!”, “Nicarágua
tem de sobreviver”, as brigadas internacionais “Augusto César
Sandino”, assim como a campanha “Solidariedade com o ANC.
Liberdade para Mandela!” que incluiu uma recolha de assinaturas.
O Inimigo é omnipotente mas não e invencível!
A hegemonia dos EUA, garantida pela queda do bloco de Leste e o controlo
do Conselho de Segurança das NU, determinou o enriquecimento das
grandes potências e o empobrecimento dos países em desenvolvimento,
causa e consequência da expansão imperialista.
Ao longo da década, o imperialismo liderado pelos EUA, sentindo-se
de mãos livres, pode finalmente globalizar os seus planos de dominação,
recorrendo à ingerência, à chantagem e à agressão,
quando necessário.
A FMJD permaneceu na sua trincheira no combate à opressão
sob todas as suas formas. Na XIII Assembleia, em 1990, as organizações-membro
da FMJD reafirmaram a sua determinação em lutar por uma
NOEI, baseada em relações democráticas que ponham
fim à dominação económica. Da mesma forma,
mantiveram o seu apoio à luta dos movimentos de libertação
nacional contra a opressão, a colonização, a neo-colonizacao,
o apartheid e o sionismo. Consideraram que era necessário continuar
a pressionar as NU para a implementação das resoluções
referentes à Palestina, à África do Sul, aos Montes
Golan, ao Líbano, ao Chipre, ao Sahara Ocidental e pela resolução
da crise do Golfo por meios pacíficos. Finalmente, não negligenciaram
a defesa das aspirações democráticas dos povos, baseadas
no respeito pelos direitos humanos e na participação dos
cidadãos na transformação social.
Na primeira metade da década, a FMJD saudou as vitórias
do povo sul-africano sobre o Apartheid, a independência da Namíbia
e as perspectivas de paz em Angola, Moçambique e na África
Sub-Sahariana. Saudou e apoiou a luta do povo palestiniano, defendendo
o direito à auto-determinação dos povos, não
só no Médio Oriente, mas também na Irlanda, em El
Salvador, na Guatemala ou no Cambodja.
A solidariedade anti-imperialista para com os países que permaneciam
vítimas de agressão, ingerência ou exploração
manteve-se a linha de orientação da Federação
durante toda a década – África do Sul, Palestina,
Cuba, Chipre, Sudão, Timor Leste, Burma, Sahara Ocidental e Guatemala.
A FMJD condenou energicamente todos os atentados à soberania nacional
dos povos e Estados, incluindo as sanções económicas,
nomeadamente contra Cuba, a Líbia e o Iraque. A organização
manteve-se ao lado do povo palestiniano, principal vítima dos planos
expansionistas sionistas, apoiados pelo imperialismo americano, exigindo
a retirada das tropas israelitas da Palestina, da Síria e do Líbano,
e a constituição de um Estado Palestiniano Independente.
As jovens gerações assistiram à evolução
da situação internacional nos últimos anos do século
XX com apreensão, devido à crescente agressividade do imperialismo
e as suas consequências, entre as quais se destacaram: a ocupação
da Palestina, a tragédia socio-económica na Ásia
e na América Latina, os conflitos em África, a emergência
de partidos neo-fascistas nas sociedades ocidentais.
Na passagem do século XX para o século XXI, a juventude
presenciou o endurecimento dos planos hegemónicos norte-americanos:
dirigindo guerras arbitrariamente, entre as quais, contra o povo jugoslavo,
o afegão ou o iraquiano; apoiando incondicionalmente o desenvolvimento
desenfreado da máquina de guerra israelita e o assassínio
em massa do povo palestiniano; persistindo nas provocações
dirigidas contra os povos coreano, cubano e venezuelano, logo após
o início das transformações democráticas levadas
a cabo pela revolução bolivariana.
A FMJD exigiu e exige: a imediata democratização e reforma
das Nações Unidas e de todas as instituições;
o combate ao terrorismo através do respeito pelas leis internacionais
e das NU; o respeito pelo direito a auto-determinação dos
povos e o fim da ingerência estrangeira sob qualquer pretexto.
| | |
|
|
|
| |
“Cadernos de reivindicações colectivas,
nas fábricas e nas escolas”
Nos primeiros anos de actividade, a Federação denunciou
o caracter expansionista do Plano Marshall. Os EUA procuravam explorar
a situação de destruição em que se encontravam
os países palco da guerra para alargar os seus mercados e garantir
a dependência política e económica desses países.
Esta dependência foi catastrófica para as classes trabalhadoras,
e particularmente para a juventude, uma vez que o tecido produtivo era
gravemente afectado pelas limitações impostas pelo departamento
de Estado Americano, nomeadamente em relação ao comercio
com o Leste.
As despesas militares haviam subido de 4.200.000 milhares de dólares
em 1929 para mais de 100.000 milhares em 1959 enquanto que a “ajuda”
económica aos países em desenvolvimento não ultrapassava
os 1.200 milhões de dólares.
A Conferência Internacional em Defesa dos Direitos da Juventude,
que se realizara na Primavera de 1948, em Viena, concluíra que
a preparação de uma nova guerra, a corrida ao armamento,
as guerras em curso, o facto de muitos países não terem
a sua independência garantida e as limitações ao comercio
internacional, determinava a grave situação vivida em muitos
países. E que esta conjuntura ameaçava o futuro das jovens
gerações.
Em Agosto de 1948, a FMJD convocou para Varsóvia a Conferência
Internacional da Juventude Trabalhadora que reuniu 450 delegados representando
45 milhões de jovens, de 46 países diferentes, compostos
essencialmente por jovens sindicalizados. Nesta conferência foi
decidido criar, onde fosse possível, comités e organismos
de defesa da juventude trabalhadora, e lutar pela defesa dos direitos
da juventude em cooperação com os sindicatos, assim como
se estabeleceu como objectivo estreitar relações com a Federação
Sindical Mundial.
A FMJD preconizou a divulgação e defesa da experiência
das repúblicas socialistas e das democracias populares, combatendo
as calúnias imperialistas e oferecendo novas perspectivas às
camadas trabalhadoras das sociedades capitalistas.
Conscientes das especificidades de cada conjuntura, países socialistas
ou com democracias populares, imperialistas, “marchalizados”,
dependentes ou colonizados, considerava-se necessário que a luta
das organizações contra o desemprego, pela jornada de 8
horas, contra o trabalho infantil, se efectivasse de forma diferente.
A FMJD sublinhou a necessidade de, nas campanhas que lançou, as
organizações de cada país seleccionarem as palavras
de ordem que mais receptividade tinham no seio das massas de juventude
nacionais.
A FMJD propunha que se criassem o máximo número possível
de comités da juventude, que elaborassem cadernos de reivindicações
colectivas, nas fábricas e nas escolas. Considerava que os comités
nacionais poderiam ir ainda mais longe, criando uma plataforma unitária
que apoiasse todas as lutas dos jovens pelos seus direitos e que sensibilizasse
a opinião pública e as autoridades para a criação
de soluções para os problemas das novas gerações.
“Cooperação da juventude e dos sindicatos”
Nos anos 60, a juventude demonstrava a sua determinação
de construir um futuro melhor, lutando pelo seus direitos socio-económicos
e culturais. As características desta tarefa eram determinadas
pelo regime social de cada país. A FMJD apoiou a luta da juventude
pelas suas aspirações comuns: o trabalho seguro, digno e
bem pago; a formação profissional à altura dos novos
métodos de produção; o descanso e a protecção
social; o direito ao estudo, à formação cultural;
o direito à participação da juventude na vida social,
ou seja, a defesa dos seus direitos políticos e sindicais.
Nos países socialistas, a juventude tinha assegurado o direito
ao trabalho, ao estudo, ao recreio, tinha todas as possibilidades para
participar activamente na vida social e económica, entregava-se
à obra do desenvolvimento da sociedade para conseguir um futuro
cada vez melhor.
Nos países recentemente independentes havia magníficos exemplos
da contribuição da juventude, na construção
de uma nova vida. Com o seu trabalho voluntário, a juventude participou
activamente na construção de estradas, pontes, hospitais
e escolas, contribuindo decisivamente para a reconstrução
nacional. Nos países capitalistas e subdesenvolvidos, naqueles
em que ainda se encontravam oprimidos pelo colonialismo ou que estavam
sujeitos à penetração imperialista, a vontade de
progresso da juventude manifestava-se numa maior participação
nos grandes movimentos de luta, tanto no plano político como sindical
e social.
As organizações-membro e as estruturas sindicais organizaram
diversas iniciativas para consciencializar a opinião pública
dos problemas com que se deparava a juventude e para elaborar um plano
de acção e reivindicações.
A FMJD incumbiu-se de promover “um plano internacional de iniciativas
e manifestações que propiciassem o intercâmbio de
experiências, a elaboração de reivindicações
conjuntas, no caso em que seja necessário e a cooperação
entre as diferentes organizações juvenis e sindicais, os
organismos sociais, etc.”
Entre a V e a VI Assembleias, a Comissão dos direitos da juventude
havia elaborado um relatório sobre a situação da
juventude trabalhadora que foi enviado à OIT e à ONU, assim
como para todos os governos do mundo.
Muitas outras acções foram organizadas e apoiadas pela Federação
para a defesa dos interesses dos jovens trabalhadores. A FMJD chamou a
atenção para a necessidade do movimento se debruçar
sobre os problemas específicos da juventude trabalhadora, da juventude
rural e das jovens mulheres.
Nunca antes a humanidade teve nas suas mãos tamanhas possibilidades
de controlar o ambiente, de exterminar a fome e a pobreza, liquidar o
analfabetismo, entre outras misérias humanas, graças ao
progresso científico e tecnológico. Contudo, a pobreza,
a doença e a ignorância continuavam a condenar a grande maioria
da população mundial.
Na opinião da FMJD, os resultados alcançados nos países
socialistas na resolução destes problemas serviam de exemplo
aos países subdesenvolvidos.
A FMJD defendia que as organizações da juventude deviam
popularizar, facilitar e apoiar as acções dos sindicatos,
para que os jovens participassem na elaboração de cadernos
reivindicativos da juventude, propor e defender leis para a juventude,
fomentar a troca de experiências e divulgar as conquistas da juventude
trabalhadora dos países que se libertaram da exploração
capitalista.
Na década de 60, a luta e acções da juventude, dos
países capitalistas e em desenvolvimento, na defesa do seu direito
ao trabalho, à educação, à cultura, ao descanso
e ao lazer havia crescido. As jovens gerações tomavam consciência
das suas condições de vida e aspiravam a uma transformação
da sociedade.
“A juventude comprometida na transformação
da sociedade”
No inicio dos anos 70, vivia-se uma nova fase do imperialismo, em que
se agudizavam as contradições sociais e políticas
derivadas do crescimento das forças produtivas, do progresso cientifico
e da revolução tecnológica, e da continua expansão
do capital monopolista.
Nos países capitalistas os protestos e as lutas de largas camadas
da sociedade, inclusive da chamada “classe média”,
em processo de proletarização, quadros técnicos e
os estudantes, demonstravam uma tendência para questionar o próprio
sistema capitalista. Nesta plataforma, criada a partir de um conjunto
complexo de forças, que estabeleciam fortes alianças entre
si, a juventude tinha um papel determinante. Compreendia que as consequências
da política seguida pelos governos dos seus países colocavam
directamente em causa as suas aspirações para o futuro.
Na década de 70, a juventude formava uma grande parte das forças
progressistas não só porque constituía metade da
população mundial, mas também porque era cada vez
mais parte do processo produtivo, tomando consciência desse facto,
e comprometendo-se na luta pela transformação da sociedade.
Este empenho reflectia-se nos países socialistas, participando
na edificação de uma nova sociedade e, nos países
capitalistas, participando na luta das massas trabalhadoras, e organizando-se
em torno das suas próprias reivindicações. A juventude
dos países socialistas participando no progresso político,
científico e cultural dos seus países, influenciou de forma
positiva os jovens do resto do mundo inteiro. O desenvolvimento dos países
socialistas e a partilha das suas experiências contribuíam
para o desenvolvimento do movimento revolucionário internacional.
O movimento juvenil conheceu um desenvolvimento sem precedentes, uma vez
que os jovens eram particularmente afectados pela exploração
e dominação capitalista. As suas exigências concerniam
ao direito ao trabalho, a uma profissão, à dignidade salarial,
à educação, à cultura, à participação
na gestão política do seu país. A luta da juventude
dos países capitalistas tendia a pôr cada vez mais em causa
a natureza dessa mesma sociedade e do seu poder político.
O movimento internacional organizado da juventude havia-se reforçado,
as organizações democráticas e progressistas haviam-se
consolidado, aumentando a sua audiência e prestígio, tal
como as organizações regionais e continentais. Para além
disso, juventude reforçava a sua cooperação com as
restantes forças progressistas e democráticas.
A FMJD prosseguiu a sua acção de união dos esforços
de cada organização, para os generalizar, para os reforçar,
para que estes fossem conhecidos por todas as outras organizações
e se transformassem em experiências comuns.
Durante aquele período, a FMJD tinha alcançado importantes
progressos na luta pelos direitos da juventude e dos estudantes pelos
seus direitos. Esta luta foi impulsionada pela crise económica,
moral, social e política nos países capitalistas.
As organizações membros da FMJD nos países capitalistas
incrementaram a sua luta contra o desemprego, parte integrante da luta
de todas as forças democráticas por profundas transformações
socio-económicas.
“Façam empregos, não bombas”
O vasto campo dos direitos da juventude, englobando as necessidades e
aspirações de toda a jovem geração, os jovens
trabalhadores, os estudantes, a juventude rural, atletas e artistas, era
uma preocupação permanente da FMJD, uma vez que era considerado
como uma importante componente da luta mundial por um futuro melhor.
A luta reivindicativa por melhores condições de vida tomou
proporções particularmente significativas nos anos 80, devido
ao desenvolvimento sem precedentes da corrida ao armamento imposta ao
mundo pela imperialismo, particularmente o norte-americano.
A FMJD continuava a defender que a corrida ao armamento não só
ameaçava a paz mundial como, devido aos excessivos gastos de recursos
naturais e humanos que esta determinava, impedia os países e as
condições de vida das suas populações de se
desenvolverem. Por outro lado, a corrida ao armamento dificultava a cooperação
e a amizade entre os povos, assim como promovia o reforço do militarismo
e consequentemente a ascensão das forças mais reaccionárias
da sociedade, colocando em perigo os direitos e as liberdades democráticas
da juventude.
Na análise que fazia do desenvolvimento do capitalismo, a FMJD
afirmava que a crise económica, social, política e cultural
do sistema continuava a aprofundar-se. Paralelamente, a luta da juventude
e das massas trabalhadores alcançara resultados palpáveis
e lograra conter parcialmente os efeitos da crise. Os efeitos negativos
desta crise geral, estrutural e de longo termo do capitalismo, foram exacerbados
pelo esforço de colocar o peso da mesma nos ombros da juventude
e da classe trabalhadora.
Por outro lado, a crise do capitalismo, deixando bem patente as suas contradições,
afectava seriamente a economia dos países em desenvolvimento. A
deterioração da situação económica
destes países tornou-se um dos principais problemas à escala
mundial. O fosso entre os mais ricos e os mais pobres agudizava-se, apesar
do avanço tecnológico que marcou a década.
A luta intensificou-se, o número de greves aumentou exponencialmente,
em conjunto com o movimento pela paz, reflectindo-se esta relação
em palavras de ordem como «façam empregos, não bombas»
ou «Educação, não mísseis-cruzeiro».
Uma nova onda de marchas de desempregados e da fome, protestos de agricultores
e sucessos eleitorais foram alcançados pelas forças democráticas,
mesmo sob a mais violenta reacção.
A FMJD soube responder aos variados aspectos da luta pelos direitos da
juventude, ao trabalho, à educação, a viver em paz
e liberdade, a participar no processo político, a assegurar o seu
futuro, ao desporto e ao lazer. O papel da FMJD foi continuamente o de
suportar as lutas das suas organizações-membro e promover
a unidade entre as mesmas.
No que disse respeito ao combate ao desemprego e à reivindicação
de melhores “condições de vida”, a FMJD, desenvolveu
a cooperação com diversas organizações envolvidas
neste assunto, nomeadamente a FSM. O Encontro Mundial da Juventude Trabalhadora,
que teve lugar em Moscovo no ano de 1984, promoveu a cooperação
entre as organizações, sendo inclusivamente estabelecido
um protocolo com a FSM.
A acção multifacetada da FMJD abrangeu ainda iniciativas
na defesa dos direitos dos jovens rurais, das mulheres, dos imigrantes
e das crianças, organizando, por exemplo, o Seminário sobre
Jovens Emigrantes na Suécia, ou tomando parte nas iniciativas inseridas
na Década das Mulheres que terminou na Conferência de Nairobi.
“Não existe capitalismo humano”
Na década de 90, a situação manteve-se dramática,
no que diz respeito aos direitos da imensa maioria das pessoas, e particularmente
da juventude.
A situação economia da generalidade dos países em
desenvolvimento degradou-se dramaticamente devido às relações
económicas internacionais injustas que prosseguiram e se intensificavam.
Os dados fornecidos pela FMJD no terminar do século denunciavam
que no ano de 1997 haviam morrido 6 milhões de crianças
de má nutrição; 1,5 milhões de seres humanos
não tinham acesso a água potável; são infectados
2,7 milhões de jovens por ano com o HIV por falta de acesso à
educação sexual; 4,3 biliões de indivíduos
viviam com menos de um dólar por dia; uma em cada duas crianças,
no Sudeste Asiático, e uma em cada três, em África,
sofria de má nutrição.
A FMJD continuou a mobilizar a juventude na luta pela expansão
dos direitos socio-económicos da juventude e a lutar pela criação
de um Tratado dos Direitos da Juventude, consecutivamente boicotado pelas
forças mais reaccionárias.
Promoveu a cooperação com todas as organizações
regionais, nacionais e internacionais, dispostas a discutir e agir concretamente
pelos interesses comuns. Promoveu a acção comum e a cooperação
entre as forças revolucionárias, de esquerda e progressistas
da juventude. Manteve a cooperação com estruturas inter-governamentais
e com as NU de forma a defender os interesses da juventude.
A FMJD apoia as batalhas dos jovens e dos estudantes por todo o mundo.
“Foward to the Future!”
A luta pela Paz, ao longo dos 60 anos de historia da Federação,
sempre constituiu o movimento mais unitário e vigoroso do movimento
juvenil internacional.
Para garantir a paz é necessário combater o imperialismo,
que cada vez mais recorre à agressão para defender os seus
interesses. O movimento juvenil democrático, à escala mundial,
reaje à ofensiva imperialista, solidariza-se com as vítimas
das intervenções americanas, luta e resiste contra a dominação
monopolista nos seus países.
O sistema capitalista é tão incapaz de resolver os problemas
da juventude e responder às suas aspirações como
de garantir uma paz durável. A Federação e as suas
organizações- membro mobilizam a juventude na luta contra
o capital monopolista, cujos interesses subjugam a felicidade da juventude
e dos povos.
A FMJD prossegue actualmente a sua luta por um mundo livre da ameaça
nuclear, biológica e química, livre de blocos e bases militares,
livre do comercio de armas, livre da guerra, da agressão e da opressão,
livre da injustiça.
A FMJD prossegue a sua luta por um mundo livre!
[ÍNDICE]
• “Esta FMJD é uma organização da juventude
unida pela sua determinação de trabalhar pela paz, a liberdade,
a democracia, a independência e a igualdade para todos no mundo.”
- Constituição de 1945
• “Todos os Nossos Esforços na Luta pela Paz”
– Palavra de ordem do II Congresso da FMJD, 1949
• “Para novos avanços no entendimento mútuo
e na unidade de todos os jovens que amam a paz”- Apelo do Conselho
para o III Congresso Mundial da Juventude, 1953
• “O factor novo e mais perigoso para a paz é hoje
a preparação da estratégia atómica. E o perigo
pode e deve unir toda a humanidade numa exigência unânime.
Pela Proibição definitiva de estas armas e pelo desarmamento
geral” – Bruno Bernini, Presidente da FMJD na IV Assembleia
da FMJD, 1957
• “A responsabilidade das jovens gerações e
apoiar os jovens que lutam contra o colonialismo, e consagrar todas as
suas energias na construção de um mundo novo, livre do colonialismo,
de liberdade, de progresso e de cooperação para todos os
povos” – Bruno Bernini, Presidente da FMJD na V Assembleia
da FMJD, 1959
• “A experiência destes últimos anos demonstra
que entre as massas cada vez mais numerosas de jovens trabalhadores e
estudantes se afirma a consciência que a luta pela coexistência
pacifica exige uma luta cruel contra o imperialismo que se opõe
a ela encarniçadamente.” – Piero Pieralli, Presidente
da FMJD na VI Assembleia da FMJD, 1962
• “Actualmente os imperialistas americanos multiplicando todos
os dias os seus crimes contra o povo vietnamita ameaçam a paz no
Sudeste Asiático e no Mundo” – Intervenção
da União da Juventude Pela Libertação do Vietname
do Sul, VII Assembleia, 1966
• “Os povos e a juventude estão revoltados, desejam
livrar-se do principal obstáculo para a paz e o progresso: o imperialismo
e a sua política.” – A. Oliva, Presidente da FMJD,
na VIII Assembleia, 1970
• “A FMJD, representando o sentimento de milhões de
jovens pelo mundo, elevou alto a bandeira da solidariedade com o Chile”
– Resolução sobre o Chile, IX Assembleia, 1978
• “Podemos dizer que os anos que passaram foram testemunhos
de transformações profundas na situação internacional.
Em todas estas transformações positivas jogou um papel importante.”
– Piero Lapiccirella, presidente da FMJD, na X Assembleia, 1978
• “O crescente compromisso da juventude na batalha pela Paz
até aos nossos dias prova e confirma que os jovens, a geração
orientada para o futuro, não quer ser privada dele, e está
pronta para lutar por ele.”- Relatório do Comité Executivo
para a XI Assembleia da FMJD, 1982
• “Desde a sua fundação a FMJD quis a paz, onde
cada povo possa decidir o seu próprio destino, onde não
haja exploração, colonialismo, ditaduras fascistas ou racismo,
e que seja livre da dominação monopolista.” –
CSABA HAMORI, Primeiro Secretário da União da Juventude
Comunista da Hungria na XII Assembleia da FMJD
• “Todos os assuntos humanos nos preocupam, e por isso continuaremos
a trabalhar para unir a juventude por um mundo melhor, livre da injustiça”
– Declaração Política da XIII Assembleia, 1990
• “Esta Federação deve continuar a sua luta
contra TODAS as formas de dominação e exploração,
tais como o racismo, o neo-fascismo e o imperialismo.” Discurso
do Presidente da FMJD na XIV Assembleia, 1995.
• “O Compromisso contra a dominação imperialista,
pela paz e a amizade, pelos direitos da juventude, são a nossa
propriedade comum”, Discurso do Presidente da FMJD na XV Assembleia,
1999.
• “A FMJD inspira-se nos nobres ideais e objectivos da geração
fundadora da FMJD e de todas as demais gerações que lutaram
devotadamente contra o imperialismo e os seus mecanismos, sempre ao lado
dos pobres e oprimidos, lado a lado com os trabalhadores e os camponeses,
os intelectuais progressistas, por uma sociedade diferente, sem exploração
do homem pelo homem, onde os povos sejam donos dos seus próprios
destinos em paz e prosperidade social”, Discurso do Presidente da
FMJD na XVI Assembleia, 2003.
| | |
|
|