ESCOLA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL, EM GUIMARÃES Luta e repressão na Cenatex
02-Nov-2006
Os estudantes da escola de formação profissional Cenatex, em Guimarães, fecharam a instituição, em protesto contra a falta de condições. A direcção da escola optou pela intimidação.

Na manhã de 20 de Outubro, um grupo de alunos do pólo de Guimarães da escola privada de formação profissional Cenatex fechou a instituição, chamando a atenção para a falta de condições materiais. O Avante! falou com um estudante, que optou por manter o anonimato para evitar qualquer acto de repressão, nomeadamente a expulsão. João (nome fictício) afirmou que a administração da escola pressionou todos os alunos a assinar um documento que dizia que o protesto era infundado e que o encerramento era uma «criancice» concretizada por pessoas de fora da instituição. O aluno conta que um grupo de professores visitou, de sala em sala, todas as turmas, tentando passar a ideia que foi um acto de vandalismo. «Fomos obrigados a assinar, dizendo que estávamos em total desacordo com a greve. Apesar de eu ser a favor, também assinei para não desconfiarem que eu tivesse fechado a escola. Aquilo não teve sentido nenhum», considera João. O objectivo seria intimidar os estudantes e impedir novos protestos.

Ratos e chuva

O pólo da Cenatex na cidade de Guimarães funciona num antigo armazém, na Avenida Conde de Margaride. Há alguns anos, as garagens que ali existiam foram transformadas em salas de aulas, mas a qualidade das instalações foi descurada. «As condições são péssimas. Estamos sempre sujeitos a levar com uma placa em cima da cabeça», afirma João. A escola não tem aquecimento e é frequente chover dentro das salas de aula. Em algumas, os quadros eléctricos não estão devidamente protegidos. As baratas são visitas habituais e nos tectos ouvem-se ruídos de ratos em movimento. Alguns químicos usados nas aulas estão fora da validade e não há espaços adequados para a sua conservação. As instalações são pequenas para os alunos inscritos e a direcção alugou salas no prédio em frente. Os estudantes também não têm uma sala de convívio para onde ir entre as aulas. O protesto foi organizado por um grupo de alunos, que exige a melhoria das condições da escola e protesta contra a directiva do Ministério da Educação que define que quem atinja cinco por cento das faltas permitas deixa de receber os subsídios de alimentação e de transporte, a que tem direito por estarem em formação profissional. As propinas mensais de frequência na Cenatex são de cerca de 80 euros.

JCP solidária

A JCP está solidária com os estudantes da Cenatex. Como afirma Carlos Veloso, membro da Organização Concelhia de Guimarães da JCP, «o abaixo-assinado é um acto de repressão. Não fica bem à escola tentar meter medo aos alunos e incutir a ideia de que não devem lutar para melhorar as condições da escola. Não é uma posição democrática. A direcção devia ouvir os alunos e conhecer as suas preocupações. Devia haver diálogo, porque o próprio diálogo leva a uma melhor formação e a uma melhor escola.» A JCP teve conhecimento do protesto durante a manhã, quando alguns militantes passaram pela avenida e viram que a escola estava fechada. «Como estava a chover, os alunos juntaram-se todos no prédio em frente e davam nas vistas. Tentámos contactar com pessoas da escola para perceber o que se estava a passar», recorda Carlos Veloso. Há alguns meses, a JCP distribuiu um panfleto sobre os problemas da escola. «A direcção andou a sondar um camarada nosso para saber se tinha sido ele o autor», refere Carlos. Uns dias depois da greve, a JCP distribuiu um novo documento sobre as escolas de formação profissional à porta da instituição de Guimarães. «A direcção veio falar connosco, pondo as culpas de alguns problemas no Ministério da Educação, mas sem assumir qualquer esforço para melhorar a situação. “Se os alunos não querem, mudem de escola”, disseram-nos na altura», conta Carlos Veloso.

in Avante! nº 1718, 01 de Novembro.2006

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